Twitter e as mudanças que brilham ao autoritarismo

Twitter e as mudanças que brilham ao autoritarismo
Mudanças no twitter podem levar a plataforma ao limbo.

Desde que o multiblionário Elon Musk comprou o Twitter por US$44 Bilhões, diversas mudanças vem ocorrendo na plataforma. Dentre elas estão o sistema de verificado (agora conhecido como twitter blue); a censura de jornalistas; e a mais nova de todas, a proibições de compartilhamento de links de outras redes sociais.

É inegável que a compra do twitter por apenas uma pessoa representa um grande poder. Entretanto não se pode deixar de comentar o quanto isso pode ser prejudicial a processos que o público já estava acostumado. A autonomia dos usuários sobre o que e como compartilhar, a confiança nos perfis verificados e também na independência dos jornalistas que se empenham para trazer um trabalho de qualidade são bons exemplos destas ações. Neste sentido, tirar a autonomia dos usuários é um grande erro.

O Twitter Blue:

De todas as grandes mudanças feitas por Musk, a nova forma de verificar contas na platarforma foi a maior. O que antes era necessário reunir uma série de informações e, estar dentro de crítérios importantes para ganhar o selo de verificado (aquele que mostrava aos usuários que uma conta era relevante), e agora virou um mero pague e ganhe. A mudança já começou a ser implementada e a forma antiga de se ganhar o verificado já foi removida. Para adquirir o selo será necessário pagar um valor mensal de US$8 e seguir algumas regras (regras essa que só estão ali para não dizer que não há nenhuma).

Uma nova regra imposta aos usuários que tem o selo é que não possam mais mudar a foto, o nome de perfil e de usuário, estando passíveis a ter a conta suspensa até uma nova checagem das informações, sendo passível de perder o selo caso não cumpra.

Esta nova atualização permite qualquer um tenha o verificado, desde que pague o valor cobrado, valendo até mesmo para quem não produz nada de relevante para a plataforma ou não tenha alguma influência externa. Ainda sim temos uma nova possibilidade de tornar “relevante” perfis que jamais conseguiriam o selo, e agora podem usá-lo para se destacar. Logo, a plataforma mostra que o dono dela claramente está se importando com outra coi$a.

Com tantas possíveis propostas de como tornar mais atrativo o pagamento do usuário para utilizar ferramentas que podem ajudar no trabalho diário de criadores de conteúdos, jornalístas e profissionais do meio digital, Musk optou pelo meio mais raso e sem inovação. Esta atitude leva ao desagrado dos usuários, e à percepção de que a partir de agora o twitter tornou-se apenas mais uma forma de lucrar.

A censura de jornalistas

O twitter é uma das plataformas mais favoráveis às notícias, podendo acompanhar em tempo real o que está acontecendo no mundo. Nesta ultima quinta-feira (15), com o banimento de jornalistas da CNN, do New York Times e Washington Post, o mundo pode ver que esse status pode ter mudado. A notícia da exclusão dos perfis dos jornalistas causou novamente um murmirinho sobre o caminho que a plataforma estava tomando estando nas mãos de Musk. A atitude que brilha ao autoritarismo, causou a comoção de outros colegas de profissão que criticaram o acontecido como uma afronta à liberdade de imprensa.

O rumor principal referente ao banimento foi por simples repressão, ou melhor dizendo, um capricho. Os jornalistas que tiveram suas contas suspensas, são os mesmos que cobriam o trabalho do multibilionario. Musk não alegou precisamente o porquê dos jornalistas terem sido banidos, dando a entender que ocorreu por terem divulgaram sua localização exata, o que poderia gerar perigo à sua vida. Em suas palavras após uma enquete sobre desbanir um jornalista, ele disse:

“Se alguém postasse as localizações e endereços em tempo real dos repórteres do NYT, o FBI estaria investigando, haveria audiências no Capitólio e Biden faria discursos sobre o fim da democracia!

Elon Musk, no Twitter

Apesar do novo dono da plataforma deixar claro, por meio de suas atitudes, a sua intenção de demonstrar “poder”; o que conseguiu foi apenas deixar a impressão de estar tentando compensar alguma outra coisa. Esse deve ser o único motivo para ele não ter dado um strike nos jornalistas antes de bani-los sem explicar exatamente o motivo.

A proíbição de compartilhamento de outras redes sociais

Em sua última jogada “genial”, o multibilionario achou que seria bacana proibir todos os usuários de compartilharem qualquer coisa sobre suas outras redes sociais. Logo, postar links para redes como Facebook, Instagram, Mastodon, Post e Nostr levará o usuário a ter sua conta suspensa e até mesmo banida. Também fica proibido postar links nos perfis que levem a essas redes e outros sites de compartilhamentos como linktree.

Além da atitude causar repulsa nos usuários, é um claro sinal de despreparo para o cargo de CEO de uma empresa deste porte. Com esta atitude, Musk revela mais um lado seu: o de uma criança mimada de que precisa a todo tempo de atenção. Caso contrário, ele vai chorar até alguém pegá-lo no colo.

O que esperar do twitter?

Os usuários resistem às mudanças deixando apenas uma pergunta: por quanto tempo? O twitter certamente é a casa de fãs apaixonados; de torcedores que são comentaristas de futebol; de amantes de livros e também dos haters. Com isso, todo esse empenho deveria estar em aperfeiçoar a rede social para que houvesse uma harmonia entre que é bom e o que pode melhorar. Ao invés de tornar-se um antro de “faça o que eu mando e não faça o que eu faço”.

O autoritarismo para o qual a plataforma parece caminhar pode culminar no fim de um titã da informação em termos de comunidade. A ascensção da rede social Koo entre os brasileiros foi um bom exemplo do que uma má gestão pode fazer com uma empresa deste porte. Resta saber se o dono da Tesla está disposto a pagar o preço.

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Wesley Souza

Carioca, nascido em 1997, escritor, graduado em Publicidade e Propaganda pela UniCarioca (2022); Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM/UFF e autor do livro "Marcado Para Zautar". Apaixonado pela literatura, sempre gostei de escrever e expor minhas opiniões.

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