Shakira, Miley e a capitalização do coração partido
Você provavelmente já deve ao menos ter ouvido alguém comentando nos últimos dias sobre a nova canção de Shakira e todas as indiretas ao ex-marido e para a amante do homem. A música lançada na última quinta-feira (11) foi um sucesso instantâneo, já acumulando mais de 120 milhões de views no Youtube e tendo alcançado o 1º lugar na parada global do Spotify.
E quem amou o hino de superação da Colombiana deve ter gostado ainda mais de ver que, no dia seguinte, Miley Cyrus deu ao mundo a faixa “Flowers” com um conceito muito parecido, também sendo uma mensagem para um antigo amor famoso.
No entanto, por mais que possa parecer coincidência essas duas músicas terem saído em datas tão próximas, usar experiências fracassadas de romance como estratégia de sucesso é mais comum do que as pessoas pensam. Nesse post vamos dar alguns exemplos de casos anteriores, além de destrinchar os hits atuais.
Separados desde junho do ano passado, Shakira e Piqué eram um dos casais mais famosos do mundo. Ela, a cantora latina mais reconhecida da atualidade e, ele, um jogador de prestígio na Espanha. Casados há mais de 10 anos, eram muito queridos pelo público que, assim como a colombiana, não sabiam que ele a traía com Clara, uma mulher 22 anos mais nova.
Recentemente, Shakira havia lançado uma música onde dizia que já imaginava que isso aconteceria, porém que não era culpa dele, nem dela e sim da monotonia. Muitos pensavam que ficaria apenas nesse single, no entanto, ela tinha mais a dizer e lançou uma das indireta mais diretas de todos os tempos.
“Com você, eu não volto mais / Nem que você chore ou me suplique / Percebi que não é culpa minha que te critiquem / Eu só faço música /Foi mal que sal–pique em você”
Letra de Bzrp Music Sessions Vol. 53
“Ela tem nome de pessoa boa / Clara-mente, não é como soa / Ela tem nome de pessoa boa / Claramente / Ela é igualzinha a você”
Letra de Bzrp Music Sessions Vol. 53
O caso de Miley é um pouco mais conhecido pela audiência, principalmente porque essa não é a primeira vez que ela canta sobre o “desastroso” (palavras da própria) casamento com Liam Hemsworth, ator eternizado pelo seu papel em Jogos Vorazes. “Slide Away”, de 2019 e “WTF Do I Know”, de 2020 também são para o astro.
Existem diversos vídeos na internet que mostram como o relacionamento dos dois não era ideal, cenas em que Liam demonstrava estar envergonhado pelo comportamento da cantora ou em que mandava ela “maneirar” suas atitudes com olhares de reprovação. Não dá para saber com toda a certeza o que se passa na cabeça de ambos, mas é nítido que a americana amava o ex-marido e como foi difícil para ela conseguir superá-lo.
No single de estreia de seu álbum programado para lançar ainda esse ano, Miley revela que não queria ter que deixá-lo, porém que hoje sabe que ela pode se amar melhor do que ele a amava, que pode se entregar flores e dançar por horas. A música é um paralelo com “When I Was Your Man” de Bruno Mars, que, supostamente, é a canção favorita de Hemsworth.
Falando agora sobre outras situações, se você viveu o ano de 2021 fora de uma caverna, não existem dúvidas de que o nome Olivia Rodrigo ficou aparecendo em todas as suas redes sociais. A cantora, na época com 17 anos, parou a internet com “Drivers License”, seu primeiro trabalho musical não-atrelado à Disney.
Com uma ponte memorável e versos que expressavam uma maturidade impressionante para um adolescente, Olivia fez com que toda a imprensa voltasse os olhos para ela e todos os fofoqueiros de plantão se perguntarem “ela compôs isso para quem?” Uma questão fácil de ser respondida.
Joshua Bassett era o nome dele. O garoto que protagonizava junto com a artista a série “High School Musical: The Musical: The Series” viveu um romance que, claramente, não deu muito certo. O álbum “Sour” lançado posteriormente por ela possuía 11 músicas, sendo 8 delas sobre Bassett.
Toda essa história teve muito desdobramentos, Olivia em Drivers citava uma certa “menina loira” com quem o ex supostamente a teria traído. A menina em questão era a atriz e cantora, Sabrina Carpenter, que em resposta lançou “Skin” e “Because I Liked a Boy”. Joshua também lançou um EP com 3 músicas onde alfinetava Olivia Rodrigo e dizia que ela estava mexendo com sua vida como estratégia de carreira.
Infidelidade é um tema recorrente na música pop e Hailee Steinfield abordou isso em “Wrong Direction” que, segundo seus fãs, é para o Niall Horan do One Direction. Os dois namoraram por 2 anos e a cantora chegou a chamá-lo de “narcisista” depois do término.
“Cada vez que você me feria / Não sei como, por um momento, parecia um paraíso / E era tão angustiante, eu lembro / Me apaixonar na direção errada”
Letra de “Wrong Direction”
Não existe confirmação de que a letra seja de fato para o ex-1D, mas o título fazendo alusão ao nome da banda é um forte indício. O vídeo oficial da canção é o sétimo clipe mais assistido de Hailee no Youtube com mais de 10 milhões de visualizações.
Outro exemplo de indireta extremamente direta é a canção “29” presente no último disco de Demi Lovato. Quem acompanha a carreira de Demi já sabe que ela passou por diversos momentos delicados na vida e um dos acontecimentos conturbados foi o relacionamento com o ator Wilmer Valderrama, mais conhecido pelo seu papel de Fez em “That’s 70 Show”.
A cantora começou a namorar com ele quando ainda menor de idade. Na época a diferença dos dois era de 12 anos.
“Pétala na videira, muito jovem para beber vinho / Apenas 5 anos de sangramento, aluna e um professor / Longe de ser inocente, que p**** é consentimento? / Os números te disseram não, mas isso não te parou”
Letra de “29”
No TikTok a música virou trend onde, principalmente, mulheres relatavam vivências parecidas em que foram manipuladas por homens muito mais velhos que aproveitavam de suas inocência. A música é, de longe, o maior sucesso do “Holy Fvck” e um dos lançamentos mais importantes dos últimos anos por trazer um assunto tão relevante à discussão.
Escrever sobre decepções amorosas, corações partidos e sobre pessoas que te machucaram é algo que sempre aconteceu. Artistas possuem o dom de utilizar de suas dores para criar coisas lindas que o público se identifica e ama, porém nem todos pensam assim.
Alguns dos comentários mais recorrentes sobre o caso da Shakira, por exemplo, é que ela estaria com “dor de cotovelo” ou que estaria tentando chamar a atenção do ex-marido. Outras publicações conseguem ser ainda mais machistas e a pergunta que fica é: Por que as críticas, ao invés de irem para os infiéis ou aos abusadores, vão para as mulheres que expõem serem vítimas dessas experiências?
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