Uncoupled: do cancelamento ao retorno triunfante

Uncoupled: do cancelamento ao retorno triunfante
Neil Patrick Harris em Uncoupled. Reprodução: (Netflix)

Uncoupled é estrelada por Neil Patrick Harris, interpretando Michael, um homem gay que é surpreendido com a notícia de que seu marido saiu de casa e quer o divórcio. Depois de dezessete anos de casado, Michael agora tem de enfrentar a dor da separação e o desafio de voltar à ativa sendo gay e solteiro aos 40 anos de idade.

Em janeiro deste ano a Netflix optou por descontinuar a produção da série, levando ao seu cancelamento sem sequer explicar os motivos. Nas redes sociais, os fãs lamentaram profundamente a decisão, principalmente pela produção ter deixado tantos desenvolvimentos em aberto.

Um mês depois, a série foi resgatada para uma 2º temporada pela Showtime, que faz parte da Paramount Global. No twitter os fãs comemoraram e já querem uma resposta para a data de lançamento da próxima temporada.

Uncoupled praticamente renasceu das cinzas, e por isso separamos 5 motivos que podem ter levado a série ao cancelamento e também ao seu retorno triunfante.

1) Demora no enredo:

Embora a sinopse da série diga que Michael ganhou um pé na bunda e que agora tem de encarar a vida de solteiro sendo um gay aos 40 anos, a série só começa a tocar realmente nesse detalhe lá pelo 5º episódio. No restante do tempo ele fica se lamentando pelos cantos, o que chega a dar uma agonia no expectador. É possível que aqui a estratégia para prender o público tenha sido a pena.

2) Desleixo com os coadjuvantes:

Todo mundo sabe que após o termino de um relacionamento é importante se ter por perto nossos amigos e familiares. Mesmo assim, a série deixa de lado o desenvolvimento desses amigos, como Suzane (Tisha Campbel); Stanley (Brooks Ashmankas) e Billy (Emerson Brooks). Embora cada um tenha sua personalidade atrativa, só vão receber a atenção para suas identidades no final da temporada. Isso deixou os fãs atiçados para saber da continuação.

3) Clichês do mundo LGBTQIA+:

Mais uma vez temos homens gays sendo pintados com clichês. Desses que questiona se um homem gay pode ou não pode fazer/ser algo. Dentre eles estão o fato de um gay não poder gostar de esportes; de ter uma rincha com um outro homem gay; ter um relacionamento com um cara mais novo ou vice versa; ter uma vida sexual ativa com base em lances casuais sem ser considerado promíscuo; e a retratação dos personagens com clássicos ‘perfis’ fáceis de serem lidos por outros personagens. Daria pra ficar o dia todo nessa lista, e ainda que o público esteja cansado de ver coisas deste tipo, pessoas fora da comunidade podem se abrir para ver tal produção. No final isso pode ser bom de alguma forma.

4) A preocupação com as IST’s:

Em um dos episódios, Michael acaba saindo com um cara que está pouco se lixando para a segurança na hora do sexo dizendo que “usar preservativo é coisa do passado”. Isso deixa Michael desesperado, tentando entender o que aconteceu com o mundo gay por não se preocupar mais com as IST’s. Embora tenham tocado no assunto de forma bem atônita, a série acertou no tema. E a partir disso, deixou uma brecha para debates, que de qualquer forma contribui para ninguém esquecer de se cuidar.

5) Último episódio com muitos acontecimentos:

Como havia dito anteriormente, o desenvolvimento dos coadjuvantes ficou em segundo plano e o pontapé inicial veio no último episódio. Desta forma a série apresentou não apenas a fraqueza de cada um, como também a necessidade de apoio entre eles. Michael teve seu desenvolvimento pessoal e agora seria o momento de dar atenção aos seus amigos. No entanto, o inesperado acontece e a série nos deixa com a sensação de que precisávamos de ao menos mais dois episódios para aceitar o fim da temporada e de seu possível cancelamento. Certamente esse foi o ponto mais importante para decisão da Paramount querer dar continuidade à série. Ter um gancho lindo e bem lapidado para fazer um trabalho melhor e com excelência é fundamental.

Michael (Patrick Harris)

Estes cinco motivos revelam mais uma vez a importância de se terminar uma temporada de forma correta. Uma vez que a Netflix está acostumada não dar continuidade aos seus projetos, é de se perguntar para onde vai o dinheiro pago pelo serviço? Qualquer produção que você esteja assistindo pode ser cancelada sem ao menos ter um ponto final para ser chamado de ruim.

Este é um caso excepcional, pois Uncoupled teve a sorte de ser resgatada, e pode sim ganhar um novo rumo e quiçá ganhar mais expectadores, já que os boatos era que para a Netflix, o cancelamento se deu por ‘baixa audiência’. Sendo assim, dentre os pontos positivos da notícia, está a percepção de “Será que você está colocando seu dinheiro na plataforma de streaming certa?”.

Wesley Souza

Carioca, nascido em 1997, escritor, graduado em Publicidade e Propaganda pela UniCarioca (2022); Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM/UFF e autor do livro "Marcado Para Zautar". Apaixonado pela literatura, sempre gostei de escrever e expor minhas opiniões.

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