O domínio da Disney nas animações está chegando ao fim?
Em 1937, Walt Disney e sua equipe mudaram a trajetória do cinema ao lançarem o primeiro longa-metragem animado da história. Era um filme bem underground que talvez você nunca tenha ouvido falar, um tal de “Branca de Neve e os Sete Anões”, sabe? E quase seis décadas depois, junto com a Pixar, outra revolução aconteceu com “Toy Story”, o primeiro longa animado digitalmente. A história destes personagens e filmes se prolongaram durante gerações, o que levou a Disney a dominar esse mercado.
Obviamente nem tudo foram flores. Épocas conturbadas ocorreram como a “Era Sombria” dos anos 70 e 80 que gerou fracassos colossais como “O Caldeirão Mágico” que dificilmente são lembrados até pelos maiores fãs da companhia. Mesmo assim, as mesas viraram e essa fase foi superada com clássicos aclamados ao exemplo de “A Bela e a Fera” e “Mulan”.
Tropeços aconteceram em determinadas ocasiões, no entanto, a Disney sempre se recuperava e conseguia se manter no topo praticamente sem rivais à altura, unindo o apoio da crítica especializada com os rios de dinheiro em bilheteria e merchandising. Dessa forma, seu domínio permaneceu até os dias de hoje e parecia impossível de ser retirado, mas… será que é mesmo?
Se durante muito tempo a empresa do rato não possuía grandes concorrentes, agora este cenário está bem mudado. Temos lançamentos da DreamWorks, Illumination Entertainment, Sony Animation e das plataformas de streaming como a Netflix e a Apple TV, todas brigando por espaço na mente do público e tentando pegar uma fatia maior desse formato antes reinado pela Disney. E estão conseguindo.
Por exemplo, qual desses filmes você ouviu falar mais no último ano: Mundo Estranho da Disney Animation ou Pinóquio lançado pela Netflix? Enquanto a reinterpretação do clássico feita por Guilherme del Toro foi um sucesso de público e rendeu uma vitória de melhor animação no Oscar 2023, a Disney sofreu com um prejuízo de mais de 100 milhões de dólares além de não ser tão bem recebido pela crítica. com sua primeira animação interpretada por um personagem LGBT.
A própria Pixar sofreu também em 2022 com seus filmes “Red: Crescer é uma fera” e “Lightyear”. O maior problema de Red é simples: foi lançado direto no Disney+, então apesar de sua qualidade e de ter sido aclamado, não gerou retorno financeiro para o estúdio. Já Lightyear, por outro lado foi um fracasso completo, não só por ser um dos filmes com menor nota para a Pixar, como também pelo prejuízo que trouxe com a baixa bilheteria.
Para efeito de comparação, abaixo temos alguns lançamentos animados de 2022 e seus respectivos lucros. Perceba como a Disney foi passada para trás pelos seus oponentes.
Ok, o ano passado não foi as mil maravilhas no mundo mágico do Mickey, mas como está o cenário para 2023? O grupo Disney possuí dois filmes a serem lançados em breve, sendo eles: “Elementos” pela Pixar e “Wish: O Poder dos Desejos” que marca o centenário da Disney Animation.
Se Lightyear, um spin-off de uma franquia consolidada, caiu no esquecimento meses depois de sua estreia, Elementos corre o risco de ser apagado antes mesmo de sair nas telonas. Atualmente o filme está com média 64 no agregador de críticas Rotten Tomatoes (uma nota menor que a de “O Bom Dinossauro” e “Carros 3”) e a previsão inicial para a arrecadação com ingressos foi extremamente baixa, menor que a de Lightyear.
Wish, por outro lado, pode representar um alívio para a Disney se for bem sucedida, porém, dificilmente será o longa em animação mais lucrativo do ano ou o mais aclamado. Essas posições já tem donos difíceis de serem batidos.
“Super Mario Bros: O Filme” da Illumination conseguiu no total mais de um bilhão em bilheteria, coisa que a poderosa de Orlando não vê desde Frozen II. Já “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” da Sony provavelmente será o favorito da disputa do Oscar em 2024, caso vença, marcará a primeira vez que a Disney é derrotada por dois anos seguidos na categoria desde 2007.
Outros lançamentos para se ficar atento esse ano são: “A Fuga das Galinhas 2” (Netflix), “Ruby Marinho: Monstro Adolescente” (DreamWorks), “Nimona” (Netflix), How Do You Live? (Studio Ghibli) e “Spellbound” (Skydance)
Para concluir, o ponto aqui não é dizer que o estúdio que crescemos acompanhando e amando está fadado ao fracasso, pois não está. Porém, ele lida com uma competição maior do que nunca e enfrenta o que pode ser mais uma de suas “eras sombrias” dessa vez trazendo a Pixar para o bolo, mas eles já passaram por isso nos anos 80 e retomaram o jogo com “A Pequena Sereia”. Quando outra fase difícil ocorreu nos anos 2000, a década seguinte trouxe “Enrolados” e “Frozen”.
Momentos complicados são apenas momentos, mas o que antes era uma soberania inabalável, hoje é como uma disputa presidencial em que cada candidato detém uma chance de ganhar a eleição. Agora é apenas saber em quem o público irá votar.
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