As músicas atuais são descartáveis? De Zé Felipe a Taylor Swift, os efeitos do controle do TikTok na indústria musical.

As músicas atuais são descartáveis? De Zé Felipe a Taylor Swift, os efeitos do controle do TikTok na indústria musical.

O lançamento do funk “TÁ OK” de Dennis DJ e Kevin O Chris juntamente com sua chegada ao topo do Spotify Brasil trouxe mais uma série de questionamentos sobre a qualidade das canções mais recentes e do legado que essas vão deixar para os próximos anos. O single foi muito criticado nas redes sociais pela sua curta duração – apenas 1:32 minutos – e por supostamente ser mais uma música irrelevante com a intenção de viralizar no TikTok por algumas semanas.

Opinião de internauta no Twitter

Vivemos num tempo de extrema nostalgia, onde a história da cultura pop se atrela e muito ao presente e é extremamente comum comparações com os dias de hoje e o passado. Você provavelmente já ouviu diversas vezes que as músicas dos anos 80 eram as melhores ou você mesmo afirma que nada supera sua playlist dos anos 2000 e que tudo o que é lançado atualmente é esquecido com facilidade, mas será que as músicas estão realmente se tornando obsoletas tão rapidamente quanto dizem? 

Acessando a parada diária do Spotify Global em 14 de junho desse ano podemos ter uma visão bem diferente. Por exemplo, “As It Was” do britânico Harry Styles continua no top 15 com mais de 3 milhões de reproduções mesmo com seu lançamento sendo em março de 2022 e ela não está nem perto de ser a mais antiga da lista.  

A dona do hit “Flowers”, Miley Cyrus, está presente com seu single de 2020 “Angels Like You”, já Taylor Swift se encontra com duas canções da década passada, “Cruel Summer” (2019) na 18ª colocação e Blank Space (2014) na 48ª e o grupo Arctic Monkeys figura com “I Wanna Be Yours” (2013).

Outro exemplo é o álbum “Starboy” (2016) do The Weeknd que retornou com tanta força aos charts que recebeu em março uma edição deluxe resgatando a faixa “Die For You” em um remix com Ariana Grande. Atualmente tanto a parceria quanto a versão solo da canção estão presentes no top 50 da plataforma, além da faixa título do disco na 38ª posição. 

É claro que muito desse sucesso prolongado dos artistas tanto quanto o retorno de singles de alguns anos atrás para as paradas é motivado pelo TikTok, considerado um grande vilão por muitos. A crítica quanto às letras vazias que focam apenas em atender aos algoritmos do aplicativo e em preencher 15 segundos com uma coreografia clichê são compreensíveis, mas é um equívoco acreditar que é somente esse tipo de música que viraliza por lá.

Alguns hits antigos como “Bad Romance” de Lady Gaga, “Dangerous” do canadense Kardinal Offishall com o Akon ou “I’m Just a Kid” do Simple Plan são exemplos que demonstram como obras muito boas se tornam trend no app chinês sem a necessidade de serem criadas com esse intuito. Aliás, sem o TikTok nunca veríamos Anitta conquistando o mundo com “Envolver” ou a Doja Cat se tornando um fenômeno.

Anitta no clipe de “Envolver”

Agora talvez você esteja discordando e prestes a comentar que é claro que o som de hoje é uma porcaria, afinal de contas mensalmente aparece na sua timeline um vídeo da Virgínia divulgando a mais nova abominação do Zé Felipe ou que tudo é sim descartável já que ninguém se lembra de “Acorda Pedrinho” ou “abcdefu”. Porém, o ponto é justamente que apesar de músicas ruins serem lançadas e esquecidas, músicas incríveis estão saindo todos os dias e permanecem entre as mais ouvidas durante meses e até anos.

Ao invés de usarmos nossas energias para atacarmos os artistas que estão fazendo o seu ganha pão, seria muito mais benéfico darmos atenção para aqueles que estão surgindo e tentando criar coisas novas, mas que precisam de público para conseguir os recursos necessários. Porque aquilo que é bom jamais poderá ser descartado.

Lucas Martins

Nascido em 2002 na cidade do Rio de Janeiro, cresci com paixão pela literatura e pela música. Sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unicarioca e futuro pedagogo pela UERJ. No meu tempo livre, gosto de assistir a filmes e acompanhar cada passo dado por Taylor Swift.

5 thoughts on “As músicas atuais são descartáveis? De Zé Felipe a Taylor Swift, os efeitos do controle do TikTok na indústria musical.

  1. Concordo MUITO
    Tipo
    Acho q as pessoas culpam muito o tik Tok por tudo de ruim q lançam sksksk sendo q o tik Tok tá aí trazendo artistas q foram esquecidos ao longo do tempo pq tem essa coisa da nostalgia estar em alta. E mto dessa nostalgia é culpa do próprio app, já q os usuários utilizam mto a plataforma como uma espécie de cápsula do tempo.
    Se um artista lança algo ruim, n é culpa de aplicativo nenhum e não devem usar isso como desculpa, como vc mesmo disse ainda existem sucessos duradouros sendo criados na nossa geração

  2. Eu concordo quando você diz que muitos artistas ótimos vêem sendo mantidos no topo por conta do Tiktok, eu reconheço o mérito do aplicativo e o seu ponto de vista, mas também reconheço que alguns deles realmente estão mais preocupados com números do que com entregar uma alma às suas músicas, o que é extremamente triste. Cada década dos músicas brasileiras, por exemplo, são marcadas por coisas ótimas: anos 80 nos trouxe o rock com Cazuza, Legião Urbana, Barão Vermelho, etc; os anos 90 nos trouxe o axé com É o Tchan e coisas do tipo; os anos 2000 foi palco para incríveis bandas de um rock mais skatista, tipo Charlie Brown Jr., Fresno e NXZero; 2010 foi a vez do sertanejo universitário; Mas até então 2020 não tem uma identidade.

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