Animações originais ainda têm espaço no cinema?
Ainda falta mais de um mês para o réveillon, mas 2023 já pode ser considerado um ano complicado para o cinema. Apesar de grandes sucessos como “Barbie” e “Oppenheimer”, a maioria das apostas dos grandes estúdios está se provando falha.
O mundo e a forma que o entretenimento é consumido mudaram após a pandemia, porém, com filmes atingindo a marca de um bilhão de dólares em bilheteria, não dá para culpar o corona vírus pelos fracassos recentes.
Graças a esses fatores, cada vez mais os estúdios apostam em franquias consolidadas e se afastam de conteúdos originais. Agora, a pergunta que fica é: Essa é realmente a melhor estratégia?
Para tentar responder, hoje iremos focar em um dos nichos que mais sofrem com a decisão das grandes empresas, os filmes animados.
PARAMOUNT E AS TARTARUGAS NINJA
O CEO da Paramount, Brian Robbins, jogou um balde de água fria nos fãs ao anunciar que eles iriam parar de produzir novas histórias e que focariam apenas em propriedades intelectuais que já detivessem. Em seu discurso, revelou que não gastariam dinheiro com personagens inéditos, precisando rezar para que vingassem e atraíssem o público.
A empresa sob seu comando tem em seu catálogo nomes de peso como “Bob Esponja Calça Quadrada” e “Avatar: A lenda de Aang”. No entanto, o planejamento se provou falho logo de cara.
As Tartarugas Ninja são extremamente populares desde a década de 80. Surgiram nos quadrinhos, mas rapidamente dominaram outras formas de mídia, indo para a televisão, videogames e ao cinema.
Logo, sendo um exemplo de conteúdo que atravessa gerações, era de se imaginar que o novo filme “Caos Mutante” obteria um êxito em ingressos. Porém, não foi bem assim.
Embora elogiado bastante pela crítica, a aventura de Leonardo, Donatello, Michelangelo e Raphael não desapontou no box office, mas também não foi nenhuma maravilha. No Brasil, por exemplo, fez menos que “Besouro Azul”, uma dos maiores desastres da Warner, na primeira semana.
Sendo honesto, a Paramount está longe de ser referência na categoria como a Disney ou a Universal, todavia, a decisão de excluir originais preocupou a internet, que teme que os concorrentes sigam o mesmo caminho.
O CASO DISNEY
Não dá para falar de animação sem falar de Disney. Nesse caso, estaremos incluindo tanto a Disney Animation, quanto a Pixar.
Como dito anteriormente aqui no Amargurado, a companhia do rato não está em sua melhor fase. Lançamentos como “Mundo Estranho” derrubaram bastante a moral do estúdio e a estratégia de colocar “Red: Crescer é uma Fera” e outros diretamente no streaming se mostrou equivocada.
Bom, a essa altura você já deve estar ciente dos anúncios de “Toy Story 5” e “Divertida Mente 2”. Apesar do segundo ter sido abraçado pelo público, uma nova história de Woody e Buzz deixou os fãs incomodados, alegando que não existe necessidade de uma nova sequência.
Se a sete anos atrás, o presidente da Pixar disse que o futuro da empresa seria conteúdos originais. Agora, parece que a história mudou. E sinceramente, por quê?
Alguns irão apontar o desempenho abaixo do esperado de “Elementos”, que surpreendeu após uma abertura terrível e se recuperou, não gerando prejuízo. Tudo bem, não gerou tanta grana para o bolso dos engravatados, mas foi muito melhor de “Lightyear”, por exemplo.
Lightyear, uma grande promessa que utiliza um dos personagem mais queridos do mundo, foi uma frustração imensa em arrecadação e rejeitado pela opinião popular. Bom, se um spin-off da sua franquia mais lucrativa fracassa, o que isso indica?
O FUTURO DA INDÚSTRIA
O caso de Tartarugas Ninja e Lightyear são provas de que apoiar-se em obras consolidadas pouco importa no resultado final. Hollywood precisa entender que os telespectadores, acima de tudo, querem bons roteiros, entretenimento de qualidade e emoção nas telas.
É claro, nunca vimos tanta produção saindo como atualmente e, em uma tentativa de chamar atenção, apelam para a nostalgia. Só que isso não garante nada, falta enxergarem esse fato.
Sem contar que algo como “Toy Story 5” só pode acontecer hoje, porque nos anos 90 deram sinal verde para algo novo e arriscado. Toda grande franquia surgiu graças a um conteúdo original; acabar com eles é exterminar o surgimento de novos ícones marquem eras.
“Encanto” não tem nem dois anos e teve um impacto imenso, com “Não Falamos do Bruno” conseguindo até mesmo chegar em primeiro lugar na principal parada americana, sem falar dos milhares de brinquedos vendidos.
Então, respondendo à pergunta do título: sim, há espaço, e não é pouco. E vocês, o que acham de todo esse debate? Todas as opiniões são bem-vindas nos comentários!