“WISH”: Disney se esforça, mas não emociona.
Na última quarta-feira (22), estreou o novo filme da Disney Animation, Wish: O Poder dos Desejos, que comemora o centenário deste estúdio que revolucionou a indústria das animações. O longa, dirigido por Chris Buck (Frozen), homenageia o passado ao mesmo tempo que tenta corrigir os erros dos últimos lançamentos, mas acaba falhando.
Os acontecimentos ocorrem no reino de Rosas, comandado pelo Rei Magnifico (Chris Pine). Lá, os habitantes podem fazer um pedido quando completam 18 anos e automaticamente sem esquecem do que desejaram. Então, cabe ao poderoso monarca decidir quais suplicas serão atendidas e quais não, porém, nesse sistema as pessoas não podem correr atrás das próprias aspirações sozinhas, ficando reféns da vontade do rei.
Nossa protagonista, Asha (Ariana DeBose), que sonha em ver seu avô contente e realizado, percebe a injustiça nessa sociedade. Logo, ela própria faz um pedido tão poderoso que é atendido por Estrela, uma criatura cósmica e extremamente fofa. E, assim, sua jornada começa.
A obra traz uma mistura de 3D e 2D, representando a vontade da companhia de mudar, porém o receio em se arriscar. É ótimo que eles tenham retornado com elementos 2D, todavia, em alguns momentos o movimento dos personagens fica estranho e eles parecem bonecos vindos do The Sims.
Porém, um fator interessante é que aqui somos apresentados a primeira princesa birracial a integrar o espaço que conta com Cinderela, Mulan e Rapunzel.
AS EXPECTATIVAS E A REALIDADE
Talvez o principal problema dessa obra seja o peso desnecessário que ela carrega. “Wish” não só é a grande comemoração de aniversário da companhia, como chega após uma série de fracassos tanto de bilheteria, quanto de crítica. Essas questões somadas fazem o público esperar que este projeto “precisava” ser perfeito, como se tivesse a obrigação de por a Disney de volta aos eixos.
O filme faz uma série de referências aos clássicos do estúdio, incluindo sete coadjuvantes que representam os anões de branca de neve, além da abertura ser como um conto de fadas de verdade, com um livro sendo aberto enquanto a personagem narra o começo da história.
A decisão de homenagear Branca de Neve dessa maneira também me soa como um erro, acaba tendo muitos personagens que não acrescentam em nada no roteiro. O maior destaque fica para Gabo, definitivamente o mais carismático.
No final das contas, o enredo é genérico, não traz nada de novo e nem empolga o telespectador. Acredito que, no futuro, será um “Nem que a Vaca Tussa” ou “Dinossauro” da vida, algo que as pessoas irão esquecer que existe.
A HEROÍNA E O VILÃO
A mais nova estrela da Disney é suficientemente boa. A jovem tem uma boa motivação e é interpretada lindamente por pela vencedora do Oscar, Ariana DeBose, que faz o melhor trabalho entre os dubladores originais. Ela é acompanhada de Valentino (Alan Tudyk), uma cabra falante, porque, afinal de contas, ainda é um filme infantil querendo vender bonecos.
Já o vilão, Magnifico, é uma tentativa clara da produtora de atender aos pedidos dos fãs que clamavam por um “antagonista de verdade”. Ele possui tudo o que um cara malvado de desenho precisa: o narcisismo, a soberba e a sede de poder. O personagem lembra bastante o Gaston de A Bela e a Fera, porém com muito mais inteligência.
Juntos, eles perfomam o poderoso dueto “At All Costs”, uma das melhores canções do longa. Por sinal, as músicas são provavelmente a maior força de Wish. “Welcome to Rosas”, “This Wish” e “Knowing What I Know Now” são as provas que a empresa do rato continua sabendo fazer atos musicais de qualidade.
VALE A PENA O INGRESSO?
Por mais que as animações originais estejam precisando de um impulso nas bilheterias, eu esperaria o lançamento no Disney+ para conferir este filme. No entanto, é uma boa pedida para os pais que querem um passeio familiar no cinema.
Por mais que existam defeitos, não é um produto ruim, somente “ok”. Infelizmente, com o número elevado de produções saindo, é preciso de mais para se destacar.
“Wish” chega aos cinemas brasileiros em 4 de janeiro. Estão ansiosos? Comentem!