BIG BROTHER: Gírias, homofobia e bodyshaming.
A vigésima quarta edição do Big Brother Brasil começou a todo o vapor, em todos os sentidos possíveis. Foi recorde em número de participantes, três eliminações em uma semana turbo e tretas enormes do jeitinho que o telespectador gosta. No entanto, é claro que a casa cheia iria render muitas controvérsias e tópicos que repercutiram dentro e fora do programa.
O reality é um retrato do povo brasileiro, desde a representatividade de cada estado e de cada personalidade ali presente, mas também dos pontos que são levantados e de quem o público decide dar o prêmio. Em anos anteriores, já presenciamos relacionamentos abusivos e casos de racismo. Dessa vez, duas problemáticas foram bem emblemáticas logo nesses primeiros dias.
A HOMOFOBIA DO DIA-A-DIA
Davi, de 21 anos, sequer começou o game como um dos jogadores. Na realidade, fazia parte do grupo chamado “puxadinho” e foi votado para entrar no BBB pela audiência. Não demorou muito para que seu jeito descontraído e seu forte posicionamento na disputa atraíssem a admiração de quem assiste ao show. Todavia, ele cometeu um grande erro em uma discussão com Nizam, que gerou debates nas redes sociais.
Durante a briga com o brother, soltou a tenebrosa frase “sou homem, não sou viado, não”. Depois, repetiu-a novamente dentro do quarto e foi repreendido por Michel, que é gay. O motorista de aplicativo reconheceu o problema em sua fala e pediu desculpas mais de uma vez.
Desse modo, provavelmente você está se perguntando qual é o grande problema. Claro, ele vacilou e admitiu isso publicamente, logo, o problema está resolvido. Bom, a grande questão é que nem todo mundo na internet lidou dessa maneira.
Muitos, preocupados com uma possível eliminação de Davi, começaram a procurar justificativas para sua falha. Alguns afirmavam que tal “expressão” é comum na Bahia, por isso, não dava para julgá-lo, pois tratava-se de algo regional.
ERRAR É HUMANO, JÁ PERMANECER NO ERRO…
Preconceito, sendo ele racial, de gênero ou de sexualidade, nunca deve ser visto como algo “normal”. Independente de ser comum, ele deve ser combatido e não relativizado. Não deve existir gírias preconceituosas e deve ser cobrado de cada pessoa que profere algo assim.
Na Argentina, é comum chamar brasileiros pretos ou brancos de “macacos”. Muitas vezes nossos vizinhos tentam também justificar dizendo que não há racismo na fala, mas sabemos que existe. Da mesma forma que não aceitamos esse tipo de atitude de estrangeiros, não podemos aceitar em nosso próprio país.
Uma pesquisa realizada pela organização Grupo Gay da Bahia em 2022 mostrou que o estado lidera o ranking de mortes violentas da população LGBT, representando mais de 10% delas. Será que é realmente legal ter uma expressão tão pejorativa sendo usada no cotidiano? E será que ao invés de argumentar com quem está reclamando, não é melhor apenas parar de usá-la?
MEU CORPO, MINHAS REGRAS!
Yasmin Brunet, no auge de seus 35 anos, é uma mulher branca, loira, magra, modelo e extremamente dentro de todos os padrões da sociedade. Porém, aparentemente, isso ainda não é o suficiente.
A carioca protagonizou os primeiros dias de Big Brother ao ser alvo de constantes comentários desnecessários sobre o seu corpo. A maioria proferidos pelo também camarote Rodriguinho.
A primeira situação ocorreu durante uma conversa no quarto do líder. Naquele momento, vários dos homens da casa estavam reunidos debatendo sobre o corpo de uma mulher.
“Ela já foi melhor, mas está mais velha hoje. Mas o rosto dela é lindo (…) Ela tá mais velha e largou mão. Hoje ela comeu 2 pacotes de bolacha com requeijão inteiro! Ela sai comendo! (…) Mas lá fora, arrumadona na balada, negão, deve ser bem…”
Rodriguinho sobre Brunet.
Obviamente, isso causou uma grande comoção aqui fora. Luiza Brunet foi a defesa da filha em suas redes e o público já colocou o cantor e seus parceiros de jogo como os alvos para eliminação.
DILEMAS ALIMENTARES
Infelizmente, o comportamento de Rodriguinho não mudou com o passar do dias. Pelo contrário, eles se intensificaram até que a própria Yasmin demonstrou sua insatisfação. Por exemplo, ele chegou a dizer que mandariam uma mordaça para que ela ficasse com a boca fechada e disse que mudariam seu nome para “Yasmin Comer”.
A empresária revelou em seu Raio-X que sofre com compulsão alimentar. Seu colega de confinamento, porém, chegou a debochar da situação posteriormente.
“Eu tô completamente descompensada na alimentação, tô muito ansiosa. E eu já tive questões alimentares, então estou depositando absolutamente tudo na comida. (…) Você se sente cheio e vazio ao mesmo tempo, e parece que o único momento que eu não penso e não fico ansiosa, é o momento que eu como…”
Fala de Yasmin Brunet durante o Raio-X
É extremamente triste que uma coisa dessas ainda ocorra e o fato de acontecer com uma modelo bem sucedida é a maior prova que nenhuma mulher está livre desse tipo de mal estar. Apesar de Rodriguinho estar longe de ter um corpo considerado escultural, ele se sente no direito de falar do físico alheio.
O ocorrido na casa mais vigiada do Brasil trouxe um gatilho para diversas meninas que passaram por momentos semelhantes em suas vidas. Parece uma coisa óbvia a se dizer, mas ninguém deve fazer observações sobre a aparência de outras pessoas, seja pela frente ou pelas costas dela. Não há ganho algum em tentar menosprezar alguém ou gerar conflitos que possam causar transtornos de imagem ou falta de confiança.
Sabemos que o programa está bem longe de acabar e muitas novas polêmicas ocorrerão no Big Brother futuramente, por isso, fique ligado no Blog Amargurado para não perder nada dessa competição. Gostou do conteúdo? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe com os seus amigos!