Alguma Coisa Podre: um musical da Broadway com o toque final que só o Brasil poderia dar

Depois do sucesso em São Paulo, o espetáculo “Alguma Coisa Podre” chega ao Rio de Janeiro para dar o ar da sua graça aos cariocas. Com a versão brasileira assinada por Claudio Botelho e direção artística e texto adaptado de Gustavo Barchilon, o espetáculo conta com ícones Marcos Veras, George Sauma, Wendell Bendelack, e muitos outros no elenco. Nós do Blog Amargurado fomos convidados para assistir bem de pertinho e viemos contar tudinho para vocês.

Para quem gosta de histórias medievais o musical “Alguma Coisa Podre” é a o evento ideal para o seu fim de semana. A trama é situada em 1595, na Inglaterra, um pouco antes de Shakespeare escrever Hamlet, sua obra de maior destaque. Somos convidados a conhecer dois irmãos, Nick e Nigel do Rego Soutto, interpretados por Marcos Veras e Leo Bahia. Um ator e um poeta que em meio às desilusões e os fracassos da vida teatral, se veem obrigados a formularem uma ideia inovadora para uma peça. No entanto, os dois se colocam em uma grande enrascada ao tentar ultrapassar o sucesso das obras de Shakespeare.

A HISTÓRIA

O desenrolar da história ganha vida quando Nick, o mais velho dos irmãos, decide consultar um vidente para ver qual será o maior sucesso dos palcos no futuro. Nostradamus — o sobrinho — prevê que o que realmente brilhará nos palcos serão os musicais e é ai que a jornada dos irmãos começa a dar errado.

Dentre as grandes risadas que dei do começo ao fim, há algumas coisas que me chamaram a atenção. Tendo assistido ao musical pela segunda vez, sendo a primeira em São Paulo, não poderia deixar de comentar.

As sacadas vão da crítica a religião que reprimia tudo e a todos até o machismo da época, onde as mulheres não tinham direito de trabalhar. Deixo aqui minha total devoção à atriz Laila Garin, que interpreta Bea. Uma mulher destemida e disposta a qualquer coisa para mostrar que as mulheres podem conquistar seu lugar na sociedade. Com ela você sairá do teatro querendo conquistar o seu balde!

O musical também não poderia deixar de “homenagar” a obra de Shakespeare. Dentre as citações, temos uma sátira a “Romeu e Julieta”, e a constante afirmação de que o autor não tinha criatividade, nas palavras de Nick — “ora ora, dois amantes que se matam no final“. E como se não bastasse, a nítida reafirmação muito comentada pelo mundo contemporâneo, a de que Shakespeare copiava textos de outros artistas.

ATUAÇÃO E A MUSICA CHICLETE

Marcus Veras (Nick) e George Sauma (Shakespeare) brilham na atuação, fazendo com que a plateia vibre com a rincha entre os dois. Também não poderia deixar de falar de Leo Bahia (Nigel), que rouba a cena sendo o irmão mais dedicado, fiel e engraçado que alguém poderia ter.

“Alguma Coisa Podre” traz de volta aquelas pequenas memórias sobre o que aprendemos daquela época de um jeito muito original e divertido. Ainda assim, o texto, direção, figurino, música e elenco deram um toque final que só o brasileiro poderia dar, transformando tudo em festa e memes. Surpreendentemente a plateia vai a loucura de tanto rir com as referências de outros musicais e o acontecimentos da cultura pop. Uma delas é a morte de Mufasa em “O Rei Leão”, os apelidos dados aos personagens, como Shakespeare sendo chamado carinhosamente de Will e até o sapateado referenciando o carnaval brasileiro. No fim, tudo termina em pizza, ou melhor, numa omelete!

Recomendamos super que você vá assistir esse mega espetáculo e depois volte aqui para contar a sua experiência. E se você não sair do teatro cantarolando “Olha a renascença aí” ou “Tudo isso é musical, musical, muuuuuusical”, significa que você assistiu errado e tem que ver tudo de novo.

Ficou curioso? Assista a um trecho do espetáculo no canal do Cena Musical:

Nota

| Muito Bom!