Abigail mira no slasher e acerta em um show de comédia sangrenta
Estaria mentindo se não tivesse, algumas vezes, me assustado com Abigail. Em alguns momentos o longa me levou realmente a acreditar que o jogo da perseguição sanguinário e cruel iria acontecer, mas fica só na abstração mesmo. O filme traz a filha do vampirão mas querido do mundo — mesmo que nas entrelinhas — para uma tentativa de terror. O gênero slasher pode estar ficando datado e talvez por isso Abigail tenha feito de forma bem fraca o que se propôs.
A pequena Alisha Weir (Matilda: O Musical) consegue se destacar tanto no papel da menininha inocente em sua apresentação de O Lago dos Cisnes, quanto em suas mudanças de expressão típica de uma assassina que gosta de brincar com a sua presa. Os tons de ameaça convencem por alguns instantes, mas as tiradas de comédia acabam com qualquer chance da vilã ter êxito.
A clássica final girl da trama é interpretada por Melissa Barrera, recém saída da franquia Pânico. O roteiro de Stephen Sheilds (The Hole in the Ground) e Guy Busick (Pânico VI) acaba escolhendo caminhos óbvios. Um grupo dos melhores profissionais do submundo do crime são selecionados a dedo para o sequestro da jovem bailarina, eles não podem falhar. A chegada no local onde devem manter a menina por 24h, enquanto o contratante de seus serviços pede um resgate, é a parte mais fácil. A diversão começa quando a menina revela quem realmente é.
Ficamos presos em loopings de tentativas de agradar os fãs de filmes deste gênero, enquanto damos boas gargalhadas dos diálogos mais inusitados. Falas que vão desde a burrice do “brutamontes” de Kevin Durand, até as inúmeras vezes em que o grupo se divide para “vasculhar” a mansão macabra, seguida perseguições mirabolantes que tem outro resultado já esperado.
Enquanto isso, Barrera se destaca pela atuação que não se perde em meio a quantidade de informação. Uma enfermeira expulsa do exército por vício em morfina que aceita o serviço no submundo do crime para poder juntar uma grana e recomeçar com seu filho. Nada como uma mãe obstinada para sobreviver, não é mesmo? Não podemos dizer o mesmo dos outros personagens, que tem pouquíssimo tempo para mostrarem seu talento. Falta texto que dê conta.
Alguns morrem de formas aceitáveis, enquanto os vampiros explodem, jorrando sangue para todo lado, deixando o público com o estômago embrulhado. No mais, Abigail se apoia de forma subjetiva do talento do elenco, nas “personalidades” a eles atribuídas, e claro nas boas risadas que conseguem entregar tão facilmente. Se continuar assim, os comedy club terão um grande concorrente mundo a fora.
NOTA |
Bom