A evolução de Luan Santana: de bom moço a pegador
Em 2024, Luan Santana completou 33 anos de vida e 15 anos de uma carreira repleta de sucessos. Foram álbuns, DVDs e EPs que o levaram à posição de lenda no sertanejo e o consagraram como um dos maiores nomes masculinos da história da música nacional. É claro que, para manter-se no topo, há a necessidade de se reinventar e de se adaptar às mudanças do mercado para permanecer relevante.
O sul-mato-grossense que começou sua trajetória nos palcos ainda adolescente montou sua discografia com um grande foco no romantismo, o que levou uma geração de meninas a se apaixonarem pelo cantor. De vez em quando, essa pegada melosa acaba exagerada e soa brega, como em “2050” e em “flores amor e pudim”.
“Tô chegando, tô levando / Flores, amor e pudim / Então assistiremos tela quente / E a coisa logo esquenta entre a gente / Antes do primeiro plim plim”
Letra de “flores, amor e pudim”.
Há quase uma década atrás, Luan entrou nesse tópico para o extinto Video Show:
“Eu gosto de ser romântico. Ser romântico hoje em dia é ser diferente, não deveria acontecer, mas acontece. Hoje, a gente falar de amor, demonstrar o que a gente sente para alguém é ser diferente”
Luan Santana em entrevista.
Não digo isso como algo pejorativo, porém é inegável que o músico moldou seu repertório no espectro do “bom moço”. Ao analisarmos suas primeiras músicas de trabalho, podemos perceber que ele sempre está na posição de homem apaixonado ou como sofredor que lida com as consequências da desilusão amorosa.
Ele dá o sol e o mar para conquistar sua amada em “Meteoro” e lida com o abandono em “As Lembranças Vão na Mala”. Portanto, quem lê suas letras antigas vê que não há como negar que ele é um ótimo namorado em potencial.
A TRANSFORMAÇÃO
No entanto, nos últimos anos, Luan Santana vem fazendo uma movimentação em relação à sua imagem. Lá em 2012, quando já estava consolidado, lançou seu primeiro single mais ousado com “Sogrão Caprichou”, em que cantava sobre uma menina que era comportada perto do pai, mas que se transformava na cama.
Alguns anos depois, veio “Acordando o Prédio”, um dos seus maiores hits. Nela, o ídolo falava mais abertamente do que nunca sobre sexo.
Engana-se, todavia, quem pensa que a mudança foi apenas lírica. Ao abordar sua vida pessoal, o sertanejo começou a ser mais desbocado. Em suas declarações, já afirmou ser “um touro” na cama, ter se envolvido com garotas de programa e feito ménage.
“Além disso, aqui no Brasil, você precisa ter um hype na sua vida pessoal também para isso refletir na sua música. Mas minha vida não é interessante demais, não tem muito rolo na minha vida. Já tive essa pilha na minha cabeça: ‘vou começar a fazer merda’. Você vê sua música não acontecer enquanto que de outro está estourada só porque fez alguma merda.“
Luan em entrevista para o Flow Podcast.
Nos projetos mais recentes, o cantor chega com uma postura muito diferente do que apresentava em seu início. Se antes era “O que eu sofri, espero que não sofra igual”, agora é “Hoje eu vou pro meio do povo, deixar os pescoço roxo, dar uns pega escandaloso, pôr a cama pra bater”.
O QUE ACONTECEU?
Acredito que não fui o único que percebeu a transição de Santana. Agora, a pergunta que fica é: por que ela aconteceu?
Sempre que penso nisso lembro de uma matéria do Léo Dias em 2019 dizendo que os fãs homens do cantor tinham vergonha de assumir que o apreciavam. Diferente de outros nomes como Gusttavo Lima e Wesley Safadão que têm como público-alvo homens héteros adultos, Luan sempre teve uma base de apoiadores muito mais voltadas para meninas adolescentes.
“E há um ditado muito sério na música que diz: ‘Cantor homem que não tem público masculino está fadado ao fracasso’ (…) Show de Luan é certeza de duas coisas: casa lotada e bar falido. Seus fãs só bebem água e refrigerante. E aí, fazer o quê?”
Léo Dias para a UOL.
Óbvio que não há o menor problema em ser popular com mulheres, entretanto, acredito que a nova fase do vocalista ocorreu justamente para atrair mais um novo público. Ser “aquariano nato” está mais na moda do que nunca e ele sabe disso.
Luan Santana inclusive não abandonou totalmente seu lado romântico. “DEUS É MUITO BOM”, do seu último álbum, é a prova disso. No entanto, atualmente, ele mostra outra versão de si em músicas como “SOLTEIROU” e “AQUELE EX”.
Eu, como uma fã que se apaixonou pelo Luan logo no início da carreira, prefiro mil vezes o lado dele romântico. Me traz uma enorme nostalgia, além de que é ótimo se imaginar como a musa da músicas de Luan Santana, né!?