Pabllo Vittar será a nossa próxima estrela global?
É inegável que a ascensão meteórica que Pabllo Vittar conquistou no final da última década passou por dificuldades nos anos recentes. A má administração de sua carreira, em conjunto com o baixo interesse do público por suas músicas, fez com que parecesse que não haveria mais volta para a cantora. Apesar de cair na graça popular, lançamentos como “São Amores” foram insuficientes para recolocá-la nas paradas.
Então, por que parece que de uma hora para a outra, os olhos do mundo se voltaram para a nossa maranhense? Bom, no último mês, o renomado jornal The New York Times dedicou uma matéria inteira a Pabllo, chamando-a de “a próxima grande drag queen” e citando seus maiores feitos. Além disso, a cantora foi destaque ao apresentar-se junto com Madonna no grandioso show da americana na praia de Copacabana.
No entanto, sabemos bem que apenas aclamação não paga contas; é preciso ter números e canções de sucesso. E se os vittarlovers queriam isso, eles receberam até mais do que poderiam sonhar. Antes mesmo de ser liberada, “Alibi“, de Sevdaliza com a participação de Yseult e Pabllo Vittar, já dava sinais de sucesso, mas agora se encaminha para o topo dos charts.
O NASCIMENTO DE UM HIT
Por semanas, o refrão sensual da música cantada em quatro idiomas viralizou nas redes sociais, principalmente no TikTok. O ritmo pop experimental com elementos do funk levou homens e mulheres a rebolarem em vídeos que renderam milhões de visualizações e curtidas.
A curiosidade para ouvir a faixa completa foi crescendo entre os internautas e, no dia 28 de junho, finalmente “Alibi” veio ao mundo. Já no primeiro dia, as três conseguiram entrar no top 200 do Spotify Global com mais de um milhão de reproduções, número que foi crescendo com o passar da semana. Na última sexta-feira (05), a música alcançou a 65º posição, incluindo o 11º lugar na Romênia e 13º lugar no Brasil.
A forma orgânica com que o single foi se espalhando, junto com o apoio dos fãs brasileiros, lembra o fenômeno que foi “Envolver” de Anitta em 2022. Aliás, a própria poderosa pediu para que seus seguidores fizessem um mutirão para ajudar no desempenho: ‘Vamos fazer nossa queen chegar no TOP GLOBAL’, postou a carioca via Instagram. Um número um, ou até mesmo um top 10, seria histórico, não só para o Brasil, mas para a comunidade LGBT nas artes.
“Muito prazer em conhecer / O causador de todo o teu sofrer / E eu vim de longe só pra te dizer
Trecho cantado por Pabllo em “Alibi’
Tu é o meu mal querer / No meu amor, sempre tem dor / Ela é o meu álibi“
Para alguns, pode parecer um golpe de sorte que a performer tenha entrado justamente em uma música que explodiu ao redor do planeta; afinal de contas, não é como se Sevdaliza fosse conhecida como uma grande popstar. Porém, engana-se quem pensa que Pabllo Vittar ainda está dando seus primeiros passos em colaborações estrangeiras.
AS OUTRAS PARCERIAS DA QUEEN
No Brasil, apesar da resistência e da homofobia que Pabllo sofreu em sua trajetória, ela conseguiu feats de peso com artistas de diferentes nichos. Podemos citar, por exemplo, Psirico, Dilsinho e Emicida. Já no exterior, seu processo foi ainda mais interessante.
A dona de “K.O.” não teve o privilégio de colaborar com hitmakers como Maluma ou J Balvin, que poderiam alavancá-la entre nossos vizinhos latinos. No entanto, a brasileira brilhantemente adentrou em singles pontuais com cantores de diversos países, principalmente do meio alternativo, pessoas que não têm números exorbitantes, mas que têm grande base de fãs e que são aclamadas pela crítica.
Tivemos Marina and The Diamonds e Charli XCX, do Reino Unido; Rina Sawayama, do Japão; Thalia, do México; e Lauren Jauregui, dos Estados Unidos. E, apesar de nenhuma dessas músicas terem vingado nas plataformas, foram importantes para ela se exportar para novos públicos. Afinal, isso fomenta a ideia de que a drag se encaixa bem em ambientes eletrônicos e underground, adaptando-se facilmente a múltiplos espaços e possíveis festivais.
Nenhum país, além do Brasil, conseguiu colocar drag queens de maneira tão mainstream e, ainda que artistas como Trixie Mattel e Plastique Tiara ganhem milhares de seguidores novos diariamente, não há outra, além de RuPaul, que realmente seja reconhecida em larga escala. Talvez Vittar possa ocupar esse espaço em um futuro próximo.
Obviamente, ainda há um longo percurso para que isso ocorra, e a falta de organização na carreira dela, como visto após sua equipe perder o prazo de submissão para o Grammy Latino, não ajuda. É impossível afirmar que Pabllo Vittar despontará assim, mas “Alibi” abre um ótimo precedente.
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