“Priscilla, A Rainha do Deserto”: musical encanta SP com muito orgulho
Ter orgulho de si e fazer com que as pessoas ao seu redor também tenham orgulho de você é um grande desafio, e acredito que muitas pessoas já passaram por isso. É sobre esse desafio que fala o musical “Priscilla, A Rainha do Deserto”, em cartaz no Teatro Bradesco. O espetáculo aborda temas complexos através de camadas generosas de ironia, sem cair na banalização de questões voltadas à comunidade LGBTQIAPN+, machismo e outros assuntos.
A peça é uma adaptação do filme lançado há quase 30 anos, em 1994, que conta a história de Bernadette (Verônica Valentinno e Wallie Ruiz), uma mulher transexual que acaba de perder seu companheiro e está vivendo o luto, questionando o amor em alguns momentos. Ela embarca em uma turnê de performances para o deserto da Austrália, com suas amigas drag queens, Mitzi (Reynaldo Gianecchini), que inicia essa história em busca de uma provação pessoal, e Felícia (Diego Martins), cujo sonho é performar como Kylie Minogue. Pelas estradas do deserto australiano, as três precisam lidar umas com as outras, com suas diferenças de idade e com o preconceito nas cidades por onde passam, viajando a bordo de um ônibus carinhosamente apelidado de Priscilla.
TRILHA SONORA
Um dos pontos que mais me animou durante toda a peça foi a trilha sonora, que é de tirar o fôlego. O musical é um verdadeiro karaokê ambulante, e não havia uma pessoa naquele teatro que não conhecia pelo menos um dos hits como “I Will Survive”, “I Say A Little Prayer”, “Go West”, “Can’t Get You Out Of My Head”, “True Colors”, “Always On My Mind”, “I Love The Nightlife” e “Girls Just Wanna Have Fun”. Em alguns momentos, era possível ver pessoas dançando sentadas e cantando junto com os atores.
ATUAÇÃO
Um dos pontos mais polêmicos foi a escalação do ator Reynaldo Gianecchini, principalmente na rede social X (Twitter). Muitos não o achavam a melhor escolha para o papel, especialmente para viver uma drag queen, considerando-o “enferrujado”. Entretanto, o ator entrega uma atuação diferente das que ele é conhecido, inclusive com muitas piadas feitas a respeito durante a própria peça. Não sei exatamente se é pelo papel ou por sua atuação, mas ele consegue trazer uma emoção que a peça requer em alguns momentos.
No entanto, tenho que ressaltar que o ponto forte da peça é a atuação da dupla Diego Martins e Verônica Valentinno. Ambos com um humor ácido que diverte e se completa. Diego tem as melhores performances, demonstrando conforto e felicidade no papel, enquanto Verônica é certamente o ponto de união do trio.
GERAL
Num contexto geral, Priscilla A Rainha do Deserto emociona e diverte com as drag queens extravagantes, brilhantes e glamurosas. A bordo de seu grande ônibus rosa, elas tem como pano de fundo o interior seco e rural da Austrália. Toda a estrutura montada para a peça é grandiosa.
Uma das razões para admirar o espetáculo não vem apenas dos personagens controversos, mas da coragem enfrentada diante de uma cultura que clama por mudanças, abordando assuntos como homofobia e família de uma perspectiva diferente e que faz quebrar preconceitos, principalmente o próprio par se auto aceitar.
A peça fica em cartaz até setembro e os ingressos podem ser adquiridos via internet ou diretamente na bilheteria do Teatro Bradesco, com preços a partir de R$ 21,15. A classificação etária do espetáculo é de 12 anos.
Serviço:
Priscilla, a Rainha do Deserto – O Musical
- Quando: De 7 de junho a 1º de setembro de 2024
- Onde: Teatro Bradesco — Rua Palestra Itália, nº 500, Loja 263, 3º Piso, Perdizes, São Paulo
- Horários: Quintas e sextas-feiras, às 20h; Sábados e Domingos, às 16h e 20h
- Ingressos: A partir de R$ 21,15. A depender do lugar escolhido, os ingressos podem chegar a R$400. Os bilhetes podem ser adquiridos n site da uhuu.com ou presencialmente no Teatro Bradesco, todos os dias, de 12h às 15h e de 16h às 20h.