“BRAT”: o divisor de águas de Charli xcx
Charli xcx pode ser reconhecida por alguns grandes sucessos em sua carreira. A colaboração com o Icona Pop, “I Love It”, por exemplo, conta com quase 1 bilhão de reproduções no Spotify. “Fancy”, com Iggy Azalea e “Speed Drive”, da trilha sonora de “Barbie“, também estão nesse grupo de hits da britânica.
No entanto, não é possível considerar a cantora como uma artista que é garantia de hits. A maioria de seus álbuns fez pouco barulho no mainstream, limitando-se a um seleto grupo de fãs apaixonados que apreciam a pegada alternativa da artista. Contudo, os olhos do grande público voltaram-se novamente para Charlie após o anúncio do disco “BRAT”.
A capa do projeto, que é apenas um fundo verde-lima com o título no meio, foi inicialmente criticado por fãs por tratar-se de uma estética fraca, principalmente após o photoshoot de “Crash”.
O que ninguém esperava, porém, é que a simplicidade da arte seria justamente o que a tornaria um grande momento na cultura pop. Os memes atraíram a atenção dos usuários das redes sociais e, como tudo que viraliza atualmente, foram abraçados pelas marcas que logo atrelaram os visuais aos seus produtos.
Burger King, Duolingo, Uber e até a Rede Globo estão entre as empresas que surfaram na onda “brat”. Sobre a decisão para a capa, Charli xcx disse:
“Eu queria usar um tom de verde ofensivo e fora de moda para desencadear a ideia de que algo está errado. Eu gostaria que questionássemos nossas expectativas da cultura pop, por que algumas coisas são consideradas boas, e outras coisas são consideradas ruins? Estou interessada nas narrativas por trás disso e quero provocar as pessoas. Não estou fazendo as coisas para ser legal.”
Charli para a Vogue Singapura.
Outro ponto de grande destaque para esta era é que não se trata daquele tipo de álbum em que há uma canção que é o carro-chefe, carregando os streams. Pelo contrário, muitas estão recebendo destaque, em grande parte devido as estratégias da performer.
Um exemplo foi o clipe de “360”, em que a cantora trouxe diversas celebridades, como Rachel Sennott, Julia Fox, Chloe Cherry e Richie Shazam, para estrelarem junto com ela as cenas. Esse single, inclusive, conseguiu em apenas três meses superar o número de reproduções de todas as músicas do seu último álbum.
Até o momento, 6 faixas ultrapassaram a marca de 50 milhões de reproduções no Spotify. É a primeira vez em sua carreira que ela atinge esse marco. Alguns dos destaques são a viciante “Von dutch” e a queridinha do TikTok, “Apple”.
Outra jogada de mestre da dona de “Boom Clap” foram os remixes, em parcerias majoritariamente com artistas femininas. Teve Addison Rae em “Von Dutch”, Robyn em “360”, Lorde em “Girl, So Confusing” e, o mais bem-sucedido até então, ‘Guess’, com Billie Eilish.
A parceria com Lorde era aguardada por muitos fãs, e não havia composição melhor para isso do que “Girl, So Confusing”, que foi escrita originalmente sobre os sentimentos de Charli a respeito da colega de trabalho. Nela, a inglesa falava sobre a dificuldade de compreender o relacionamento das duas. A ideia de duas pessoas “lavarem roupa suja” em um projeto musical é algo que nunca tinha visto antes e considero sensacional.
“É, eu não sei se você gosta de mim / Às vezes eu acho que você me odeia / Às vezes eu acho que eu odeio você / Talvez você só queira ser eu”
Trecho de Charli xcx em “Girl, so confusing”.
“Bem, honestamente, eu fiquei sem palavras / Quando acordei com sua mensagem de voz / Você me disse como estava se sentindo / Vamos resolver isso em um remix”
Trecho de Lorde em “Girl, so confusing”.
Engana-se, no entanto, quem pensa que essa é a única grande fofoca presente nas composições de ‘brat’. Existe uma teoria de que “Sympathy is a Knife” foi escrita para ninguém mais, ninguém menos que Taylor Swift.
Na música, Charli xcx canta sobre uma mulher que a faz se sentir insegura, como ela não quer estar por perto dela, e que toda demonstração de simpatia é como levar uma facada. A cantora abriu os shows da “Reputation Stadium Tour” ao lado de Camila Cabello e chegou a dizer que se apresentar para o público da loira era como “acenar para crianças de cinco anos”.
O trecho que mais revelaria a suposta inspiração para a letra é quando a artista diz: “Não quero vê-la nos bastidores do show do meu namorado. Dedos cruzados atrás das minhas costas, espero que eles terminem o quanto antes.” Charli é noiva do baterista da banda The 1975, George Daniel, e, recentemente, Taylor se envolveu em um breve caso com o vocalista Matty Healy.
Isso gerou acusações de que Swift estaria buscando uma “retaliação” ao lançar novas versões digitais de seu disco “The Tortured Poets Department” na semana de estreia de “brat”. O álbum da americana bloqueou e impediu que o disco da concorrente alcançasse a primeira posição na parada do Reino Unido.
“Porque eu não conseguiria ser ela nem se tentasse / Sou o oposto, estou no outro lado / Eu sinto todos esses sentimentos que não consigo controlar / Não sei a razão”
Letra de “Sympathy is a knife”.
A dance music e o electropop do disco rendeu um certificado de ouro nos Estados Unidos, o primeiro de Charli em quase dez anos, e a consagrou como uma rainha das pistas. Este título, alias, ela defendeu ao tocar na Zig, a boate LGBT mais famosa de São Paulo.
Todos os frutos, ou melhor “maças”, que a cantora está recebendo são merecidos, mas queremos saber de vocês: qual é a melhor música do “brat”? Comentem!