“143”: Como Katy Perry chegou ao flop absoluto?
Um dos nomes mais marcantes do pop neste século, Katy Perry chegou de forma meteórica à música pop. Emplacando hit atrás de hit, conseguiu feitos extraordinários, como se igualar a Michael Jackson ao colocar cinco canções de um mesmo álbum (Teenage Dream) no primeiro lugar da parada americana. No entanto, treze anos depois, “143”, seu mais recente lançamento, estreou de forma catastrófica.
As primeiras 24 horas do disco renderam 6.672.105 streams no Spotify. Para efeito de comparação, esse número é inferior aos 8,5 milhões de “Super”, do Jão, e aos 16 milhões de “333”, do Matuê. Embora o Brasil seja uma força na plataforma, é impressionante pensar que artistas brasileiros estão fazendo até mais que o dobro do que uma americana consolidada mundialmente.
Quem não acompanha muito o mundo da música talvez fique chocado com essas informações, mas essa queda da cantora não é algo recente. Depois do seu auge com Prism, incluindo os êxitos ‘Roar’ e ‘Dark Horse’, ela nunca mais conseguiu atingir o mesmo nível de sucesso.
Seus projetos “Witness” (2017) e “Smile” (2020) foram fracassos em comparação aos antecessores, e havia a expectativa de que a era “143” fosse uma volta por cima. Katy chegou a declarar em um show de sua residência em Las Vegas que, quem não a tivesse apoiado nos dois álbuns, não poderia amá-la agora com o novo CD. Bom, o debut das faixas mostra que, aparentemente, essa demanda que ela citou sequer existe.
O MUNDO É DAS MULHERES (SERÁ?)
A ansiedade para a volta de Katy Perry era alta não só entre os fãs mais fiéis, mas também entre ouvintes casuais. O sucesso é composto por altos e baixos. Miley Cyrus, por exemplo, fracassou com “Younger Now” e reconquistou o mundo com “Flowers”. Não era impossível imaginar que o mesmo poderia acontecer com a mãe de Daisy. Então, o que deu errado?
Primeiros singles são extremamente importantes porque é o momento onde você receberá o maior foco da mídia e a maior atenção do público. Errar nesse lançamento pode comprometer toda uma era e, mesmo que coisas melhores cheguem posteriormente, não obterão o resultado que poderiam alcançar.
O teaser de “WOMAN’S WORLD” recebeu mais de 20 milhões de reproduções no Instagram. Era um hype grandioso, que morreu cedo ao perceberem que a música não chegava aos pés de canções como “Last Friday Night (T.G.I.F)” ou “Firework”. E não adianta vir com o argumento de “esquecer o passado”, uma vez que Katy não inovou em seu som, apenas o tornou inferior.
O clipe foi belíssimo, e o ritmo até contagia, mas a letra é pobre e a produção também. Vale ressaltar o desgosto ao ver que Dr. Luke, acusado de abuso sexual e psicológico por Kesha, estava envolvido na produção dessa música, que supostamente deveria transmitir uma mensagem feminina. O produtor, que um dia foi relevante no mercado fonográfico, mostrou que está obsoleto e que realmente merecia ser esquecido.
Enfim, quando “LIFETIMES”, um dos pontos altos do “143”, veio ao mundo, ninguém mais estava interessado. Não ajudou em nada o fato de a estadunidense ter sido acusada de crime ambiental por gravar o clipe oficial em uma região ecologicamente sensível na Espanha, sem autorização. O terceiro single, “I’M HIS, HE’S MINE”, por falta de palavra melhor, é tenebroso, sendo a pior faixa de trabalho dela desde “Small Talk”. Não é surpresa que o grande público nem tenha tomado conhecimento de sua existência.
MELHOR DO QUE A SUBIDA…
Os katycats não podem nem reclamar da falta de divulgação, já que a morena foge da tendência atual e se esforça para anunciar o álbum. Ela aproveitou a data do show no Rock In Rio, cantou no VMA, serviu bebidas em boates e até se submeteu a aparecer no “Estrela da Casa” da Rede Globo, tudo na tentativa de subir nas paradas.
Existe um vídeo antigo em que Perry pede para que nem mencionassem a posição de “E.T.” na parada do Reino Unido, pois o desempenho estava fraco. É evidente que o sucesso é importante para ela, e a popstar tem gana de voltar ao estrelato que um dia teve, e as pessoas percebem isso. É como se os ouvintes de música pop, no fundo, pensassem: “Ah, ela quer fazer sucesso? Pois não vamos ajudar!”
A hitmaker nunca foi aclamada pelos críticos, nunca ganhou um Grammy, e quase todos os seus álbuns receberam notas medianas no Metacritic, porém, nenhum foi tão mal avaliado quanto o “143”, que, convenhamos, está longe de ser seu pior disco. Com 10 críticas, amarga uma nota 34/100, porque está em alta pisar nela.
O portal AllMusic declarou que o projeto cometeu o maior pecado possível para a música pop: ser entediante. Já a Variety disse que “o álbum é monótono, deslizando em cascatas de clichês líricos e ideias musicais que raramente atingem um auge.
Como afirmei anteriormente, ainda que “143” esteja muito distante da perfeição, com certeza não é pior que o “Smile”, mas é interessante para a mídia que chutem o “cachorro morto”, no caso, Katy Perry. Conhecem o sucesso da Glória Groove em que a drag canta “melhor do que a subida, só mesmo assistir a queda”? É exatamente sobre isso que argumento aqui.
PONTOS ALTOS: “GORGEOUS” (feat. Kim Petras), “ALL THE LOVE”, “NIRVANA” e “LIFETIMES”.
PONTOS BAIXOS: “I’M HIS, HE’S MINE” (feat. Doechii), “GIMME GIMME” (feat. 21 Savage) e “WONDER”
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