BEST NEW ARTIST: A categoria é mesmo amaldiçoada?

BEST NEW ARTIST: A categoria é mesmo amaldiçoada?

Os fãs de música estarão bem ocupados nas próximas semanas, isso porque no dia 8 de novembro serão divulgados os indicados ao Grammy Awards 2025, a maior premiação da indústria fonográfica. Entre as categorias mais importantes está a “Best New Artist” (Artista Revelação), que será bem concorrida nesta edição.

Benson Boone, Sabrina Carpenter, Teddy Swims e Chappell Roan são alguns dos favoritos deste ano. Mesmo que cantores como Sabrina tenham anos de carreira, a academia considera válida a participação de qualquer um que não tenha sido nomeado anteriormente ao mesmo prêmio. A questão é: eles querem vencer?

A resposta parece óbvia. Afinal de contas, essa é uma categoria em que você tem apenas uma chance de conquistar, e ela faz parte do “Big Four”, as quatro mais importantes do Grammy. No entanto, existe uma lenda urbana que diz que o sucesso de quem vence acaba rapidamente.

Essa tal “Maldição do Best New Artist” não é novidade para quem acompanha os fóruns de música, mas se você nunca ouviu falar, a gente explica. Para isso, analisaremos os casos mais marcantes da história recente do evento.

Esperanza Spalding recebendo o prêmio de Best New Artist.

Você conhece a Esperanza Spalding? Provavelmente não. Com menos ouvintes mensais que Tati Zaqui, a artista de jazz era o ato menos popular entre os indicados em 2011.

Ela venceu dois canadenses de peso: Drake e Justin Bieber. Também competiam o conjunto indie Florence and the Machine e a banda folk Mumford & Sons.

Se me perguntassem quem eu imaginaria que havia ganhado, eu apostaria em Florence and the Machine. O álbum “Lungs”, além de sucessos como “Dog Days Are Over”, recebeu aclamação universal.

É evidente que o nome de maior impacto na época era Bieber, que se tornava o ídolo teen de sua geração. Todavia, é compreensível que a imaturidade do seu trabalho, em conjunto com o preconceito que seu nicho recebia, não lhe davam muitas chances. A nomeação já foi o suficiente para não deixar seu auge passar em branco.

Esperanza ganhou mais quatro Grammys depois disso e continua ativa até hoje. Recentemente, colaborou com o brasileiro Milton Nascimento em um álbum chamado “Milton + Esperanza”.

Justin Vernon, vocalista do Bon Iver, banda vencedora do prêmio Best New Artist em 2012.

Nicki Minaj não tem nenhum gramophone. Pode parecer chocante, devido ao fato de ela ser a rapper feminina mais bem-sucedida da história, mas é a verdade.

Isso aconteceu principalmente devido a um boicote. Em 2012, sua performance de “Roman Holiday” no Grammy gerou polêmica por seu teor religioso, e ela se apresentou contra a vontade da premiação, que tentou barrá-la.

Ela perdeu o prêmio de Melhor Artista Revelação para Bon Iver.

“Nunca se esqueçam de que o Grammy não me deu o prêmio de Melhor Artista Revelação quando eu tinha sete músicas simultaneamente em todas as paradas, com mais sucesso do que qualquer rapper mulher na última década – passei a inspirar uma geração. Eles deram para o homem branco Bon Iver.”

Nicki Minaj em entrevista.

A banda americana também conquistou, no mesmo ano, a categoria de “Melhor Álbum de Música Alternativa”. Eles foram nomeados em outras cinco ocasiões.

Nicki também concorria com o DJ Skrillex e o rapper J. Cole. A artista marcou presença em 12 indicações ao longo de sua trajetória e acumula mais de 45 milhões de ouvintes mensais.

Macklemore & Ryan Lewis recebendo seu prêmio no palco principal do Grammy.

A dupla Macklemore & Ryan Lewis não existe mais, mas eles ainda assombram nos pesadelos dos fãs do Ed Sheeran até hoje. O cantor já dominava as rádios com a faixa “The A Team”, que havia ser indicada como “Música do Ano” na edição anterior, mas perdeu mesmo assim. Posteriormente, o britânico iria tornar-se um dos maiores atos pop do mundo e acarretar 4 estatuetas.

Outra indicada no mesmo ano foi a Kacey Musgraves, ícone country que em 2019 levou “Álbum do Ano” para casa. Entretanto, o perdedor da categoria que mais chocou o público foi Kendrick Lamar.

Kendrick é um dos letristas mais influentes da atualidade, já tendo recebido um Prémio Pulitzer em sua carreira. Sendo da cena do hip-hop assim como a dupla, a derrota do rapper na categoria de Best New Artist e de “Melhor Álbum de Rap” levantou diversos questionamentos sobre o racismo da Academia.

Naquela noite, não só eles ignoraram um artista preto com um trabalho considerado superior, mas também deram o prêmio para dois homens brancos que cantam um gênero da música negra, que é quase sempre esnobada dos grandes eventos.

“Você (Kendrick) foi roubado. Eu queria que você vencesse. É estranho e uma droga que eu tenha te roubado. Eu iria dizer isso durante o discurso. Porém, a música começou a tocar durante meu discurso e eu travei. Enfim, você sabe como é. Parabéns por esse ano e por sua música. Aprecio você como um artista e como meu amigo. Muito amor.”

Disse Mackemore em uma postagem no instagram pouco tempo depois da vitória!

O duo encerrou sua parceria em 2017 e não dá para dizer que foi uma grande perca para a indústria.

Alessia Cara e seu prêmio de “Artista Revelação” em 2018.

Sempre que a suposta maldição é citada, o nome de Alessia Cara aparece. A canadense, com seu jeito tímido, não marcou uma grande presença no mundo pop, mas obteve diversos hits: “Here”, “Scars to Your Beautiful” e “Stay”, só para citar alguns. Assim, sua indicação ao Grammy de 2018 não foi uma surpresa.

No entanto, muitos esperavam que SZA vencesse, devido ao destaque que seu álbum “Ctrl” havia recebido. Khalid e Julia Michaels também figuraram entre os concorrentes.

Bom, acontece que Alessia sumiu do mapa. Seu primeiro disco a colocou em evidência, mas todos os seus projetos subsequentes foram fracassos. Ela não emplaca um single nas paradas americanas há seis anos. Enquanto isso, SZA se tornou um fenômeno, quebrando recordes como a mulher negra com o álbum mais bem-sucedido da história do Spotify.

A cantora, apesar de perder como revelação, recebeu mais de 20 indicações nos últimos anos e ganhou 4. Também se destacou ao concorrer em “Melhor Canção Original” no Oscar, com a trilha sonora de “Pantera Negra“.


Com esses exemplos já deu para perceber que vencer não é sinônimo de se tornar o mais famoso. Até porque esse não é nem o objetivo da premiação. Em teoria, a estatueta deve ser entregue para aquele que detêm a melhor perfomance como intérprete e não necessariamente o mais popular. Isso gera casos como Christina Aguilera ganhado em cima de Britney Spears.

É claro que dizemos que é na teoria porque no fim do dia o peso do nome fala muito. Meghan Trainor não é um nome que você pense “com certeza ela deve ter milhões de prêmios em casa”, todavia ela foi a Best New Artist em 2016. Não havia outro grande destaque disputando e seu hit “All About That Bass” estava dominando os charts.

Meghan teve uma queda no seu desempenho comercial, mas não foi logo após sua vitória. Com o álbum “Thank You” ela obteve os sucessos “NO” e “Me Too”. Recentemente, ela voltou aos holofotes com “Made You Look” que viralizou nas redes sociais.

Quando um ano é escasso em novos talentos, o resultado pode ser imprevisível. Anitta, Latto e Måneskin concorriam em 2023, mas, convenhamos, apesar dos três terem tidos bons momentos, não se comparam ao êxito que Olivia Rodrigo havia obtido um ano antes. Dessa forma, o prêmio foi para a cantora de jazz Samara Joy que, embora impecável em seu trabalho, nunca poderá sofrer a “maldição”, já que nunca foi popular.

Um outro ponto que deve ser levantado é que as regras do Grammy mudam constantemente e, às vezes, impedem que algumas pessoas concorram. Lady Gaga foi barrada de concorrer a BNA em 2010 pois, um ano antes, já havia disputado a categoria de “Melhor Canção Dance” com “Just Dance”. Sendo assim, o gramofone ficou com o conjunto Zac Brown Band, que eu aposto que você nunca ouviu falar.

Este ano, Tate McRae também foi impedida, pois ultrapassou o limite de submissões na categoria. Ela já havia tentado o máximo de três vezes e perdeu sua melhor chance, que seria em 2025.

Muitos falam da maldição, citando casos que apresentamos aqui, como Esperanza ou Alessia, e ignoram que astros como Adele, Maroon 5, Sam Smith e Billie Eilish venceram. E nenhum sucesso é 100% estável ou infinito. Dua Lipa, por exemplo, não teve um bom momento com o “Radical Optimism“, mas nada impede que ela dê a volta por cima.

Vale lembrar que, para alguém vencer, todos os outros têm que perder. Maroon 5 derrotou Kanye West, e Taylor Swift também não saiu vitoriosa, mas porque concorria com a brilhante e saudosa Amy Winehouse.

Entendemos que tudo é uma grande brincadeira, porém é óbvio que não há nenhuma maldição e que aclamação crítica não é parâmetro ou indicador de sucesso. Queremos saber, contudo, a opinião de vocês: Qual é sua torcida para “Artista Revelação” no próximo Grammy?

Os indicados serão divulgados no dia 8 de novembro, e o evento está marcado para 2 de fevereiro.

Lucas Martins

Nascido em 2002 na cidade do Rio de Janeiro, cresci com paixão pela literatura e pela música. Sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unicarioca e futuro pedagogo pela UERJ. No meu tempo livre, gosto de assistir a filmes e acompanhar cada passo dado por Taylor Swift.

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