Ana Castela vai para o pop? Genial ou tiro no pé?

Ana Castela vai para o pop? Genial ou tiro no pé?

Novos artistas surgem todos os anos; muitos deles recebem destaque e quebram barreiras, conseguindo até prender a atenção do público por certo tempo. No entanto, poucos são os que conseguem deixar sua marca e realmente impactar o mercado fonográfico e, na história recente da música brasileira, quase ninguém atingiu o estrelato de forma tão meteórica quanto Ana Castela.

A sul-mato-grossense, com seu cabelão e jeito de menina doce, mas sem frescura, surgiu na pandemia, atingindo real sucesso com “Pipoco”, em 2022, ao lado de MC Melody. Alguns poderiam acreditar que seria apenas um sucesso passageiro, mas ela rapidamente provou que era muito mais do que isso.

Assumindo o título de “boiadeira”, a jovem é a grande garota-propaganda do “agronejo”, essa nova vertente jovem do gênero que resgata as raízes do campo de forma moderna. Durante muito tempo, o ritmo tentou “abandonar” essa estética caipira, como vimos com o sertanejo universitário; entretanto, essa realidade mudou.

Só em 2023, Ana Castela emplacou “Nosso Quadro”, “Não Para”, “Solteiro Forçado”, “Canudinho” e “Deja Vu”, entre outras. Essas cinco canções, sozinhas, já acumulam mais de 1 bilhão de streams. Recentemente, ela se tornou a terceira mulher a ganhar o Grammy Latino de “Melhor Álbum de Música Sertaneja”.

Com a ausência de Marília Mendonça, a cantora dominou o cenário musical do Brasil sem muita competição. Normalmente, estamos acostumados a ouvir que não se mexe em time que está ganhando. Então, será que a musa da roça irá arriscar?

O AGRO É POP?

Ana Castela no Criança Esperança.

Foi durante a maior premiação musical da América Latina que Ana comunicou essa mudança em sua carreira.

“Olha, eu estou pensando em fazer um álbum mais dançante, puxando para algo um pouquinho mais pop, algo mais diferente assim da Ana Castela. Eu quero mostrar o meu talento na dança também”

Fica subentendido na fala da artista que não se trata de uma virada de chave radical, mas marca o indício de algo que pode se tornar muito maior futuramente.

Alterar o gênero em um disco não é nenhuma novidade. Ludmilla e Glória Groove, recentemente, vieram de eras malsucedidas no pop/funk e mostraram que ainda conseguiam brilhar ao se aventurarem no pagode, o que foi benéfico para ambas. No exterior, o exemplo mais parecido é Taylor Swift, que surgiu no country e, aos poucos, migrou para o pop. Muitos fãs acreditam que esse é o caminho que será trilhado pela boiadeira nos próximos projetos.

Vale lembrar também que Ana Castela nunca foi limitada nesse sentido. Em pouco tempo de trajetória, já se aventurou no eletrônico com Pedro Sampaio e até na Poesia Acústica ao lado de Filipe Ret e TZ da Coronel. Já há muita presença de elementos do funk nos singles da cowgirl e, como o pop no nosso país é muito misturado com esse ritmo, talvez a transformação não seja tão brusca assim.

O que causou mais estranhamento na internet foi a dúvida sobre se essa estratégia seria realmente inteligente. Sabemos que o sertanejo, sem dúvidas, é o gênero mais consumido do país; das 20 músicas mais tocadas no Brasil em 2023, 15 foram desse nicho.

A música sertaneja possui um investimento gigantesco, anos-luz à frente de qualquer outro estilo, é a que mais toca nas rádios e a que mais aparece nas playlists. A principal playlist de sertanejo no Spotify tem cinco milhões de seguidores a mais do que a maior do pop.

Isso sem mencionar a questão de que Castela recebe um foco gigantesco por não ter muita competição feminina. Retirando ela, a única outra estrela realmente relevante nos dias de hoje é Simone Mendes. Já no pop, ela dividiria espaço com Luísa Sonza, Anitta, Ludmilla e IZA.

Além disso, mesmo que a jovem de 21 anos cante letras mais ousadas, é perceptível o quanto ela fica constrangida quando inserida nesses contextos. Será interessante perceber como ela vai se encaixar nesse espaço da música que possui muito menos tabu em relação as letras sensuais, principalmente devido ao número gigantesco de fãs crianças que a cantora possui.

Você apoia essa transição dela do sertanejo para o pop ou prefere cada um no seu quadrado? Deixe nos comentários!

Lucas Martins

Nascido em 2002 na cidade do Rio de Janeiro, cresci com paixão pela literatura e pela música. Sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unicarioca e futuro pedagogo pela UERJ. No meu tempo livre, gosto de assistir a filmes e acompanhar cada passo dado por Taylor Swift.

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