Revisitando álbuns: Reputation é o melhor ou pior de Taylor?

Revisitando álbuns: Reputation é o melhor ou pior de Taylor?

Os últimos anos consagraram Taylor Swift como o nome de maior relevância da música atual. Foram dezenas de recordes quebrados, uma turnê histórica, sucessos como “Anti-Hero” e “Cruel Summer”, e quatro discos inéditos somente nesta década. Logo, você esperaria que os fãs já estivessem satisfeitos, mas não é o caso. Não importa o que a cantora faça, tudo o que seu público quer saber é: quando chega a regravação do reputation?

A estratégia de regravar suas antigas eras para recuperar seu trabalho que foi “roubado” foi um grande acerto na carreira da compositora. Seu catálogo antigo foi apresentado a toda uma nova geração, tornando músicas com mais de 10 anos em hits do momento, além das inéditas que foram descartadas na época e que agora chegam às playlists dos ouvintes.

Até o momento, 4 de seus 6 álbuns já passaram por esse processo, e tudo indica que o próximo será o reputation, o que mais divide a opinião do fandom. Agora, por que isso acontece?

NÃO HAVERÁ EXPLICAÇÃO…

O termo “cancelamento” é usado à exaustão hoje em dia, porém era um conceito que ainda começava nas redes sociais, e Taylor foi uma das primeiras vítimas. Tudo começou em 2016 com a polêmica envolvendo Kanye West e sua música “Famous”.

Na letra, Kanye mencionava Taylor de forma ofensiva, afirmando que ele havia tornado a loira famosa e que, por isso, ela lhe devia sexo. Inicialmente, a artista declarou não ter dado permissão para isso. Contudo, Kim Kardashian, na época esposa de Kanye, divulgou vídeos de uma conversa entre eles, em que Taylor parecia concordar com a letra, o que levou muita gente a acusá-la de mentir. Mais tarde, descobriu-se que a ligação havia sido editada para manipular a audiência.

Naquele período, a internet em peso atacava Swift. Suas páginas online foram infestadas de emojis de cobra, e até algumas celebridades, que diziam ser amigas dela, se afastaram. A dona do hit “Shake It Off” se afastou dos holofotes e não foi vista publicamente por meses.

Dessa forma, nasceu reputation. O anúncio foi extremamente comentado; ela retirou todas as fotos do seu Instagram, o que ficou conhecido como “blackout” e depois foi reproduzido por outros músicos. Ela assumiu a estética das cobras para si em “Look What You Made Me Do” e revelou que “não haveria explicação, apenas reputação”. Por isso, ela não deu entrevistas e deixou que as letras dissessem tudo o que era necessário ouvirmos.

Kim Kardashian nos bastidores do clipe de “Famous”, em que uma boneca de Taylor nua deitava ao lado de Kayne e outras celebridades.

SOMBRIA COMO O SOL

O primeiro single trouxe um lado quase completamente inédito da popstar. Claro, já havíamos tido um vislumbre disso em “Blank Space“, em que ela encarnou uma personagem de namorada maluca para zombar da maneira como a mídia retratava seus relacionamentos, mas nada parecido com o que ela fez nesse projeto.

Poderíamos citar o uso do sample de uma música do filme “Meninas Malvadas” como resposta a Katy Perry, que a chamou de “Regina George em pele de cordeiro”, a nota de 1 dólar em referência ao processo de assédio contra um radialista sofrido pela musa, ou as indiretas para o Spotify. E, ainda assim, não chegaríamos a um terço de todas as referências e polêmicas da canção e do clipe.

Um dos momentos mais marcantes foi a frase: “A antiga Taylor não pode atender o telefone agora. Por quê? Ah, porque ela morreu.” No entanto, qual é a diferença entre a nova e a antiga? Bom, nenhuma.

A razão pela qual tantas pessoas têm essa era como favorita é justamente pela encarnação em uma personagem. A cantora veio do country, um gênero conservador, e tinha a imagem de uma boa menina. Mesmo perto dos seus 30 anos, ela ainda era vista por muitos como uma adolescente cantando sobre términos e desilusões.

Ela nunca havia tentado ser excêntrica ou uma “diva pop” aos moldes de Madonna ou Gaga. É justamente por isso que tanta gente que não é swiftie ama esse disco, porque vêem ali algo diferente. Acontece também o oposto: muitos fãs não curtiram a ideia de algo “irreal”, uma vibe “dark”, como muitos chamariam.

Cena do clipe de “Look What You Made Me Do”

Todavia, a realidade é que reputation não é tão pesado ou sombrio quanto afirmam. “This Is Why We Can’t Have Nice Things” ou “I Did Something Bad” seguem o conceito do álbum, mas, na maioria das faixas, ela está do mesmo modo que sempre foi, cantando sobre o amor que sentia pelo então namorado, Joe Alwyn, como em “Call It What You Want” ou “King Of My Heart“.

Existem letras muito fofas, como em “Delicate“, em que ela canta: “Minha reputação nunca esteve tão ruim, então você deve gostar mesmo de mim.”

…PRONTO PARA ISSO?

Avaliando o álbum em si, acho importante apontar que ele possui muita personalidade própria em comparação com outros trabalhos da cantora americana. Foi o segundo álbum pop dela, mas se distanciou bastante de “1989“, principalmente pela pegada eletrônica e pelo uso de sintetizadores para modificar a voz, criando um efeito diferente e robótico. Não foi uma escolha que agradou a todos, muitos dizem que parece o Pedro Sampaio, mas foi interessante vê-la experimentando.

Além disso, foi a primeira vez que ela xingou em músicas ou que cantou explicitamente sobre sexo.

“Grave seu nome na cabeceira da minha cama / Porque eu não quero você como um melhor amigo / Só comprei este vestido para que você pudesse tirá-lo”

Letra de “Dress” traduzida.

A tracklist de reputation já começa com um acerto. “…Ready For It?” cumpre de forma excepcional o papel de abertura, elevando o ânimo e mostrando o que esperar do álbum. Já “End Game“, parceria com Future e Ed Sheeran, peca pelo excesso. São quatro minutos com muitos versos e momentos que poderiam ter sido deixados de fora, pois, em vários trechos, a canção se perde. Além disso, Taylor tentou forçá-la como single devido ao peso das parcerias, quando havia opções muito melhores.

“Gorgeous” é uma daquelas músicas que derrubam a reputação do álbum. Produção e letras fracas, ao ponto de ela rimar “to your face” (para a sua cara) com “look at your face” (olhe para a sua cara). É um dos argumentos usados para diminuir essa era, alegando que Swift não estava em um bom momento artístico. Isso é uma bobagem.

É evidente que, no geral, o conteúdo lírico do disco não se compara a “Folklore” ou “Evermore“, mas músicas como “Call It What You Want” mostram que o talento de composição dela continua o mesmo. Até “New Year’s Day” se encaixa nessa categoria, apesar de ser entediante como assistir tinta secar.

ENTÃO VAI…

O reputation trouxe alguns dos auges da carreira, como “I Did Something Bad”, “Don’t Blame Me” e “Getaway Car”, dessa maneira, acho um equívoco considerá-lo ruim. Não considero também como seu projeto mais forte, mas entendo quem pensa desse modo pelas razões já citadas. No fim, é apenas outro excelente trabalho de uma excelente artista.

Essa discussão não irá acabar tão cedo, ainda mais com o “Rep TV” sendo anunciado em breve. Na sua opinião, esse álbum é um dos melhores ou um dos piores de Taylor Swift? Comente!

Lucas Martins

Nascido em 2002 na cidade do Rio de Janeiro, cresci com paixão pela literatura e pela música. Sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unicarioca e futuro pedagogo pela UERJ. No meu tempo livre, gosto de assistir a filmes e acompanhar cada passo dado por Taylor Swift.

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