Doramas coreanos viram febre entre cristãos. Por quê?

Doramas coreanos viram febre entre cristãos. Por quê?
Foto: Doramas "Pretendente Surpresa" e "Céu Vermelho"/IMDb

Desde a pandemia, as séries de drama asiáticas vem entrando em uma onda de popularidade no Brasil e arrebatando desde jovens, até senhoras de idade com suas histórias intensas. No entanto, os doramas coreanos acertaram em cheio um público muito específico: os crentes.

O que seriam os doramas coreanos especificamente?

As séries produzidas na Coréia do Sul, em sua grande maioria, contemplam histórias de uma sociedade cotidiana coreana e personagens com vidas regulares. São narrativas lentas, com grande foco em todos personagens, um pouco de alívio cômico e, como o próprio nome diz, dramáticas, em episódios de 40/50 minutos. Assim como as famosas novelas, os K-dramas são séries fáceis de assistir, tanto por conta própria, quanto em família.

Foto promocional de um dos doramas coreanos "Pousando no Amor", da Netflix.
Foto: Pousando no Amor/Divulgação/Netflix

Relação entre os doramas e as brasileiras

Pode-se dizer que estes dramas começaram a se popularizar no Brasil através de jovens fãs de K-pop. Na Coréia do Sul, é muito comum que idols de grupos de K-pop participem de doramas para aumentar a popularidade da série e a sua própria, visto que no país, atores são extremamente respeitados. Com isso, esses jovens passaram a assistir episódios com suas famílias, em sua maioria, as mulheres.

Os doramas de romance são os mais populares entre a comunidade “dorameira” e chamam atenção por serem inocentes, sem muitas intimidades, em passos lentos, onde o casal cultiva muitos diálogos e convivência, para então depois de muitos episódios, darem as mãos pela primeira vez, e após muitos outros episódios, darem o primeiro beijo. Esta linearidade acaba por trazer uma forte identificação com as crenças da população religiosa brasileira.

Foto promocional de um dos doramas coreanos "Hotel Del Luna", pela TvN.
Foto: Hotel Del Luna/Divulgação/TvN

K-dramas são recatados

A Coréia do Sul é um país que apenas recentemente se abriu para culturas e economias ocidentais, por conta de sua forte relação diplomática com os Estados Unidos. Porém, apesar disto, ainda permanece um país extremamente conservador, com políticas anti LGBTs, direitos de mulheres frequentemente violados, cultura militarista forte, e também super religioso. Logo, pode-se deduzir que suas produções audiovisuais não sejam tão diferentes. 

Os K-dramas não violam direitos humanos, não é tão radical assim, porém, também não retratam absolutamente nada diferente do que em suas normas sociais. Assim, sem personagens homossexuais, sem conteúdo considerado por muitos como “lacração” ou “mimimi” e com romances água com açúcar, estas séries conquistaram de vez o público crente Brasileiro.

Com suas protagonistas na posição de “a bela mocinha inocente” e o “galã príncipe encantado”, os romances deixam as espectadoras sonhando com homens doces e educados como os de seus programas favoritos, o que atualmente vem causando um movimento perigoso de relacionamentos virtuais entre brasileiras e homens coreanos. Já ocorreram diversos casos destas mulheres que largaram tudo no Brasil para viver seu sonho de dorama, mas chegando na Coréia, acabam enfrentando a dura realidade da sociedade tradicionalista do país.

Cada vez mais as produções coreanas vem ganhando atenção mundial e evoluindo em suas técnicas e histórias. Com isso, quem sabe a Coréia, além de importar empresas e normas capitalistas, não passa a importar também os conceitos de diversidade e igualdade social?

Giovanna de Paula

Nascida em 2003 no interior do Rio de Janeiro, jornalista em formação pela UFRJ e entusiasta da versatilidade e poder da comunicação. Desde cinema e música pop até história e política, amo poder estudar, escrever e comunicar sobre diferentes pontos que fazem o mundo o que ele é, e suas intersecções.

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