Chappell Roan: Diva polêmica ou porta-voz da saúde mental?
Indicada a Artista Revelação no Grammy 2025, Chappell Roan tem dividido opiniões com sua personalidade debochada, combativa e seus episódios polêmicos. Diagnosticada com depressão severa recentemente, a cantora lidou com uma ascensão meteórica à fama de um dia para o outro. Desde então já passou por diversas premiações, programas e até confrontos com fotógrafos no tapete vermelho. A dona de hits como “Hot To Go!” e “Good Luck, Babe!”, acaba levantando pautas importantes sobre saúde mental e a relação tóxica entre celebridades, fãs e a imprensa. Será que estamos vendo o surgimento de uma nova “diva pop” ou de uma porta-voz para uma causa urgente?
A ascensão meteórica e os custos emocionais da fama
Chappell Roan não é apenas uma promessa da música pop atual, ela é a definição viva de um “sucesso relâmpago”. Depois de anos batalhando na cena alternativa, sua grande virada veio com o sucesso estrondoso do álbum “The Rise and Fall of a Midwest Princess”, que estourou pelo Tik Tok, fazendo a cantora se tornar o centro dos holofotes da indústria musical em 2024. Agora, com uma indicação ao Grammy na categoria “Best New Artist”, que é conhecida por ser amaldiçoada, sua trajetória parece um sonho distante para muitos artistas. Mas, como Roan deixou claro, a realidade por trás da fama não é tão deslumbrante assim.
Em entrevistas recentes, a cantora falou abertamente sobre suas batalhas emocionais e sua saúde mental, revelando diagnósticos de depressão severa e transtorno bipolar II. Ela detalhou sintomas como névoa mental, falta de foco e uma sensação persistente de estar “fora de sintonia” com a própria vida. Para uma jovem de apenas 26 anos, que viu sua vida mudar rapidamente, não é difícil imaginar o peso nos ombros de equilibrar turnês, críticas e expectativas do público enquanto luta para preservar sua sanidade mental
Em meio a esse caos, Chappell revelou que a terapia é sua âncora, realizando duas vezes por semana. Mas até atividades que deveriam ser simples para uma “pessoa normal”, como ir a um brechó ou caminhar no parque, se tornaram missões complicadas cercadas de preocupações com segurança e assédio, por conta de sua enorme fama. “Tudo o que eu amo fazer vem com um peso enorme”, desabafou.
O caso do fotógrafo e o limite da tolerância
A fama sem dúvidas tem seu lado sombrio, mas a cantora decidiu não ignorá-lo. Durante o VMA (MTV Video Music Awards) de setembro, Chappell protagonizou um dos momentos mais falados da noite. Enquanto ajustava seu vestido no tapete vermelho, ouviu um fotógrafo gritar: “Cale a boca!”, e sua resposta foi imediata dizendo “Cale a boca você!”. A reação, mesmo sendo polêmica, foi fiel aos princípios da artista.
Momento que o fotógrafo manda Chappell Roan “calar a boca”, durante o VMA (Reprodução/Instagram/Variety)
Mais tarde, durante uma entrevista, ela desabafou sobre como o episódio foi assustador para alguém que lida com ansiedade. “Gritaram comigo, eu gritei de volta. Você não pode me tratar assim”, declarou. Para ela, responder ataques é quase instintivo. “É fácil me defender”, afirmou, sem medo de encarar as críticas que viriam (e vieram) tanto da mídia quanto do público.
Meses depois, durante o lançamento do documentário “Olivia Rodrigo: GUTS World Tour”, Roan se deparou com o mesmo fotógrafo, e o confrontou, exigindo desculpas pelo ocorrido anterior: “Você foi rude comigo e precisa pedir desculpas. Não faça isso com outra artista.”, respondeu.
Nas suas redes sociais, a cantora também comentou o ocorrido: “Eu não me importo que abuso, assédio, perseguição, ou seja lá o que for, seja algo normalizado com pessoas famosas, quase famosas ou o que quer que seja. Eu não me importo que seja normal.” A reação nas redes sociais, claro, foi mista, com alguns ficando do lado da artista, enquanto outros a chamavam de “Esnobe”.
Diva ou porta-voz de uma nova geração?
Os conflitos de Chappell Roan levantam uma pergunta: suas atitudes são reflexos de uma “diva” no sentido clássico e cultural da palavra, alguém que exige respeito e não tolera desrespeitos ao seu espaço pessoal (mesmo que alguns não vejam dessa forma), ou ela está abrindo o caminho para conversas mais honestas sobre saúde mental e os abusos enfrentados por figuras públicas nessa indústria?
Embora alguns críticos discordem e achem que sua postura é “exagerada e grosseira”, seus fãs veem nela uma figura autêntica e real em um mundo de celebridades fabricadas. A cantora parece determinada a não fazer parte dos artistas que levam desaforo para casa, desafiando a forma como as celebridades desse ramo (principalmente as mulheres) são tratados pela imprensa e pelos fãs mais “sem noção”.
Só o tempo dirá se Roan irá se tornar uma voz sobre saúde mental tanto na indústria musical, quanto para a própria geração atual, ou irá desaparecer dos holofotes, seguindo seu desejo de paz no meio desse turbilhão de acontecimentos, o que, claro, seria uma perda gigante para nós e todo o mundo da música.
Entre polêmicas e performances icônicas, Chappell Roan está escrevendo seu próprio manual para sobreviver à fama e, talvez, mudando completamente o que significa ser uma estrela pop nos dias de hoje. E para você ? A artista está certa em defender seu espaço dessa forma? ou ela apenas está sendo grosseira e ingrata? Comente!