Crítica: Lobisomem é mais um terror que poderia ser maior

Lobisomem é uma produção de Leigh Whannell com a produtora Blumhouse, dois que estão sempre presentes no terror atual como “Sobrenatural” e “Telefone Preto”. O filme é um remake de “O Lobisomem” de George Waggner (1941), em que um homem é atacado e vai aos poucos se tornando um monstro irreconhecível e perdendo seus sentidos.

Para esta adaptação, Whannell criou a história ao redor de uma família que está um pouco abalada. Blake (Christopher Abbott) é um pai que está desempregado e se dedica a cuidar de sua filha, Ginger (Matilda Firth), enquanto seu relacionamento com sua trabalhadora esposa Charlotte (Julia Garner) esfria. Nesse meio tempo, Blake recebe a certidão de óbito de seu pai, com quem cresceu em Oregon, e decide levar sua família para buscar os pertences do falecido.
O diretor construiu uma bela relação entre Blake e Ginger, mostrando um pai amoroso, respeitoso e cuidadoso, ao tentar não repetir a criação que ele mesmo teve. Porém, parece que o filme lentamente se torna apenas sobre isso, esquecendo que a produção tem A Julia Garner. O elenco é bem reduzido e a atriz mais renomada é ela, e não fizeram um bom uso. Charlotte fica escanteada em seus sentimentos, em sua relação com a filha e em maior parte da trama. Capaz de Matilda ter tido mais falas que a Julia.

O início do filme retrata um pouco da relação do principal com seu pai em takes abertos com paisagens naturais e fechados em florestas, o que muda conforme a história avança para um foco principal no interior da casa. Passado 30 anos antes do momento atual do filme, vemos um episódio de caça entre pai e filho em que encontraram uma criatura horrenda e Blake quase perdeu a vida.
Já com a família, as desgraças começam a acontecer antes mesmo de chegarem na casa. Após um acidente, Blake é arranhado por esta mesma criatura e todos são perseguidos por ela até entrarem. A partir daí, o filme passa a ter um ar sufocante de tensão entre quatro paredes, com medo da criatura de fora, enquanto o pai se contorce em agonia com o comportamento da ferida e sua lenta transformação. Abbott consegue transpor bem o sentimento de desespero do personagem ao mesmo tempo que tenta proteger sua família, assim como Julia capta a confusão e medo de ver seu marido sendo transfigurado à um lobisomem em frente à sua filha.

As maquiagem foram ótimas com a parte do gore e body horror, mas os efeitos visuais pecaram ao mostrarem a visão de Blake já quase tomado pelo lado animalesco. Foi bem questionável.
Whannell se perde um pouco com o trecho do meio para o final, quando passa a ter um teor mais família invés de terror, focando bastante na relação sentimental entre os três e leva o plot para algo óbvio e deduzível. Apesar de ser interessante o movimento de vai e volta que o cenário tem, quase como um pique pega, onde o lobisomem está em todo lugar. O movimento cíclico de repetição de cena entre começo e fim é um clichê que fecha bem o filme. Ele cumpre com o que se propôs.
O filme estreou hoje (16/01) nos cinemas com a classificação etária de 16 anos.