Crítica: Acompanhante Perfeita traz questões sociais em thriller cômico

Acompanhante Perfeita é um thriller da Warner Bros. com o clássico cenário de amigos em uma cabana no meio do nada. O diretor e roteirista Drew Hancock trouxe um horror misturado com suspense e comédia recheado de comentários sociais. O plot pode parecer clichê de início, trazendo um ar de Black Mirror, porém o filme surpreende com o ar cômico.

Reviravoltas
A princípio, Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid) são um casal que vai passar o fim de semana com amigos em uma casa isolada na floresta. O relacionamento dos dois tem uma dinâmica um pouco devocional por parte dela, uma mulher tímida, delicada, com a fala macia. A caracterização da personagem foi ótima em comparação ao restante, com roupas vintage, puxando para o estilo “tradwife dos anos 50”. Dá pra notar também a clara influência que a Dakota Johnson teve em Sophie para interpretar a personagem, além de as duas se parecerem.
De antemão, Iris inicia o filme contando que matou seu namorado. Logo então, o casal é apresentado e somos levados à uma viagem para a cabana de uma amiga de Josh. Neste meio tempo, a casa mostra apenas três casais se divertindo e bebendo, até que uma fatalidade acontece e a principal descobre que é um robô. Pode parecer bobo, mas a trama se propõe a brincar com uma ordem de narrativa, trazendo os principais “plots” para o início. Com isso, o diretor focou em analogias engraçadas sobre a cultura incel, relacionamentos tóxicos e a misoginia, além de trazer as clássicas perseguições e mortes de um terror de cabana.
Foco em problemas reais
A personagem de Iris acaba descobrindo que é apenas um objeto descartável para seu namorado, que não exita em abrir mão dela de volta para a fábrica. O longa aborda o gaslight e a substituibilidade que muitos homens praticam com mulheres. Em um controle em seu celular, Josh pode controlar os traços físicos e de personalidade de sua “amada”, além de sua inteligência e agressividade. A robô também não consegue mentir.

À primeira vista, nada muito inovador, mas ao juntar com thriller e o teor cômico, o filme engancha no ritmo daqueles terrores clássicos onde todos morrem. Confesso que não conhecia ninguém da produção além do Josh Quaid, porém acredito que atualmente tem-se levado filmes à sério demais. O filme não precisa necessariamente ter uma narrativa extremamente única, ou uma filmagem extraordinária para entreter e cumprir seu propósito. O longa é até mais interessante do que poderia ser, ao trocar aos poucos a posição de vilão.
A comédia é muito bem pontuada durante toda narrativa, com assuntos e políticas atuais e ironias, como o perigo de entregar tecnologia e a inteligência artificial para incels carentes e inseguros, e a “solidão masculina”. Além disso, a caracterização traz toques sutis na maquiagem de Iris, que sempre está impecável, mesmo no chuveiro ou cheia de sangue.
Admito que a experiência será muito mais impactante se você assistir o filme sem trailers(mesmo assim vou colocar) ou spoilers pois apesar de sua construção, ao caminhar para o final, perde sua capacidade de impressionar. Entretanto, é uma boa assistida e com certeza irá te entreter. “Acompanhante Perfeita” estreia nos cinemas dia 6 de fevereiro.