Karla Sofía Gascón é a primeira mulher trans indicada ao Oscar de “Melhor Atriz”

Nesta manhã de quinta-feira (23/01), os indicados aos prêmios da Academia de 2025 foram revelados ao público. Ao anúncio das concorrentes de “Melhor Atriz”, a estrela do musical “Emilia Pérez”, Karla Sofía Gascón, se consolidou como a primeira mulher transsexual indicada à categoria. Sobretudo, um grande marco para as lutas sociais e representatividade, considerando o momento político sensível atual.
História de uma carreira consolidada
Gascón é uma atriz transsexual e espanhola de 52 anos que iniciou no teatro muito nova, ainda na Espanha. Aos 30 anos, ela se mudou para o México, conquistando diversos feitos no cinema mexicano, como “Nosotros Los Nobles“, o filme de maior bilheteria do país. Logo, em 2018, a artista iniciou sua transição de gênero. Pouco depois publicou um romance semi-autobiográfico, “Karsia: Una Historia Extraordinaria”, e continuou sua carreira nas telas.
Karla foi também a primeira mulher trans a ganhar o prêmio de “Melhor Atriz” no festival de Cannes em 2024.

As críticas
A princípio, o longa “Emilia Pérez”, que conquistou o maior número de indicações, concorrendo a 13 estatuetas dos Oscars, vem dando o que falar. O filme é uma produção polêmica, apesar de a crítica internacional ter o recebido bem. Ao retratar o cotidiano de uma história mexicana, o diretor francês Jacques Audiard pecou na real representatividade do México. Com apenas uma atriz realmente mexicana e em nenhum papel de peso, além das gravações nos Estados-Unidos e sotaques latinos forçados, a obra sofreu fortes críticas pela população latinoamericana e acusada de tentativas para se encaixar em uma categoria que não deveria ser sua, como a de “Melhor Filme Estrangeiro”.
O filme conta a história de Rita (Zoe Saldaña), uma advogada de uma grande empresa que passa a se interessar em ganhar dinheiro inocentando criminosos. Dessa forma, ela é contratada para ajudar o líder fugitivo do cartel de drogas mexicano, Manitas. O mafioso quer abandonar os negócios e passar por uma cirurgia clandestina de redesignação sexual, e mudar sua vida para viver como uma mulher trans. Assim nasce Emilia Perez(Karla Sofía Gascón).

Algo imenso a se celebrar
Críticas de internautas ao filme e as atuações, como a de Selena Gomez, são válidas. Já, por outro lado, é extremamente importante celebrar a ocupação de espaços por minorias. Em um momento em que poucos dias antes, o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que irá acabar com os direitos de pessoas LGBTQ+ no país, a indicação de Karla Sofía, definitivamente, se fez resistência.
Por fim, a importância de ter pessoas da comunidade em papéis com vivências parecidas com as suas, passou a ser frisada após diversos filmes e séries com atores héteros e cis nestas posições. Dar a oportunidade e o pertencimento à artistas LGBTQ+ é algo que vem sendo discutido há tempos. Finalmente ver resultados, é algo a se celebrar.