Brasileiros são esnobados no Grammy e Milton Nascimento sofre descaso; entenda

A maior premiação da indústria musical aconteceu no último domingo (2), e, como de costume, os brasileiros não levaram nenhum troféu pra casa. Quatro artistas representaram o Brasil entre os indicados do Grammy 2025, mas nenhum conquistou o gramofone. No entanto, o caso que mais chamou atenção foi o de Milton Nascimento, um dos maiores nomes da música brasileira, que, além de perder na categoria em que concorria, teve sua trajetória ignorada e sequer teve direito a um assento digno de sua grandiosidade na cerimônia.
Os brasileiros esnobados na premiação
Milton Nascimento foi indicado na categoria de Melhor Álbum Vocal de Jazz pelo disco Milton + Esperanza, lançado em agosto de 2024 em parceria com a norte-americana Esperanza Spalding. No entanto, o prêmio ficou com Samara Joy por “A Joyful Holiday”. Outro representante brasileiro no jazz, o bandolinista e compositor Hamilton de Holanda concorreu ao prêmio de Melhor Álbum de Jazz Latino pelo disco COLLAB, feito em parceria com o cubano Gonzalo Rubalcaba. Mas quem levou a melhor foi Zaccai Curtis, com Cubop Lives!.
Eliane Elias, pianista brasileira já consagrada internacionalmente, também disputava a mesma categoria de Hamilton com o álbum Time and Again, mas saiu de mãos vazias. Já no pop latino, Anitta, que já havia sido indicada em 2023, não compareceu à premiação por ter shows no Brasil, sendo indicada por Funk Generation, mas perdeu para Shakira, que venceu com Las Mujeres Ya No Lloran.

O desrespeito do Grammy com Milton Nascimento
Apesar das derrotas, nada superou a falta de consideração com o lendário Milton Nascimento. Aos 82 anos, o cantor foi indicado ao prêmio, mas um dia antes, ao analisar os convites, percebeu que a organização destinou um assento nas mesas principais apenas para Esperanza Spalding, enquanto ele foi colocado na arquibancada — uma área menos prestigiada e de difícil acesso para um artista de sua idade. Ao questionarem a organização, a equipe de Milton recebeu a resposta absurda de que “apenas os artistas que eles queriam no vídeo” poderiam ficar nas mesas. Ou seja, um dos músicos mais respeitados do mundo, simplesmente não era relevante o suficiente para aparecer na câmera.
Esclarecimento da equipe de Milton Nascimento em sua rede social (Reprodução/Instagram/@miltonbitucanascimento)
Com dificuldades de locomoção, o cantor acabou optando por não participar da cerimônia principal. Após a repercussão, a equipe de Milton se pronunciou no Instagram explicando a situação, que poderia ter sido facilmente evitada.
Protesto de Esperanza Spalding e repercussão da polêmica
Se o Grammy ignorou Milton, Esperanza Spalding fez questão de lembrar ao mundo quem ele é. Durante a cerimônia, a artista segurou um cartaz com a foto do brasileiro e a frase: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui.” O protesto repercutiu rapidamente nas redes sociais e gerou revolta entre fãs e artistas.

O episódio fez com que até o Ministério da Cultura se pronunciasse, publicando uma nota de repúdio ao tratamento dado a Milton. Afinal, não é todo dia que um artista do calibre dele é tratado como um novato qualquer. Segundo o texto, a escolha de alocar Milton longe das mesas principais demonstrou “falta de sensibilidade e respeito” por sua trajetória no mundo da música e as suas necessidades físicas.
Grammy e sua dificuldade de respeitar artistas fora dos EUA
O Grammy, assim como outras premiações estadunidenses, sempre foi conhecido por tratar artistas latino-americanos como meros convidados de luxo. Milton já havia sido premiado em 1998, mas na genérica categoria de “World Music”, aquele limbo onde jogam tudo que foge do padrão americano. Agora, décadas depois, o desrespeito continua, e a mensagem parece clara: relevância e talento não bastam, se você não for um queridinho da indústria americana.
Ainda bem que Milton Nascimento já transcendeu a necessidade de prêmios para validar sua grandiosidade, mas isso não isenta o Grammy de mais um episódio vergonhoso em sua longa história de desvalorização da música global.
O que você acha desse tratamento dado ao Milton e aos outros brasileiros? Será que o Grammy ainda tem relevância ou já virou apenas uma grande festa para a indústria americana se autopremiar? Deixe sua opinião nos comentários!