Bridget Jones: Louca pelo Garoto traz linha tênue entre emoção e comédia

Bridget Jones, a britânica mais atrapalhada, carismática e amada do cinema está de volta, e desta vez, se encontra em uma situação mais delicada e sensível. Ao acompanhar agora seus cinquenta anos, o filme retrata o processo de Bridget quatro anos após perder seu marido, Mark, e a relação com seus filhos: Billy, de 9 anos e Mabel de 4 anos.

Uma nova Bridget
Ao contrário dos outros filmes, em que suas preocupações eram cigarros, peso, álcool e a falta de namorados, agora, Bridget se encontra em uma fase mais madura e tenta reorganizar sua vida apesar do luto. Contudo, se engana quem pensa que o filme é um dramalhão. O roteiro segue com a clássica e bem humorada essência de Jones, cheio de tiradas muito bem pontuadas e um timing de comédia bem colocado.
A trajetória segue com os mesmos personagens, se mantendo fiel à narrativa e mostra uma forte rede de apoio, essencial para Bridget e as crianças. Apesar da falta de Colin Firth como Mark, de surpresa, temos a volta de Hugh Grant como Daniel Cleaver, e até mesmo ele amadureceu. Renée Zellweger também sempre capta perfeitamente o carisma de Bridget e sua atuação contribui para o amadurecimento dela.

Conforme a trama se desenvolve, Bridget luta com o peso emocional da maternidade solo, ter que seguir em frente, recuperar seu emprego, e voltar à vida da paqueragem. A caracterização e cenário seguem perfeitamente a proposta do caos atual na vida de Jones. Em meio a uma casa super bagunçada com crianças gritando, reuniões de escola, volta para TV e claro, seu cabelo desgrenhado, ela continua com suas confusões e acaba por se envolver em novos romances.
Sentimentos conflitantes
Desta vez, são dois novos homens que irão mexer com o coração de Bridget. Roxster (Leo Woodall), um garoto bem mais novo com quem se envolve através do Tinder, e Mr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor), o novo professor de ciências de Billy. As duas experiências bem desenvolvidas mostram os conflitos internos de Jones ao se permitir se envolver com pessoas novas.
A relação entre ela e os filhos também é explorada de forma bonita e emocionante ao longo do filme. Com certeza, a perda de Mark Darcy é muito bem retratada, junto aos sentimentos da família, que se tornam cada vez mais unidos. Bridget não é uma mãe perfeita, e é isso que torna o filme mais fiel à sua essência e natural. Conseguimos sentir a confusão emocional dela, sua preocupação com as crianças, suas tentativas de se manter forte e todo seu amor pelos filhos.
A obra dosa perfeitamente entre drama, comédia e romance. Além disso, contextualiza sua história, o que permite com que até mesmo pessoas que nunca assistiram a saga, entendam a trama e se emocionem junto. Entretanto, é lógico que incorpora e referencia os filmes antigos com pequenos detalhes.

Considerações
O desenvolvimento de Bridget finalmente entender que a vida pode seguir sem necessariamente ter sofrimento e dor é lindo. Contudo, pode ser que a obra tenha pecado um pouco ao colocar ela para agradecer o professor por ter esclarecido isso. Com certeza Mr. Wallaker teve sua parte nessa trajetória, porém o filme todo retrata essa evolução e descoberta dela com suas próprias experiências. Ou seja, resumir tudo isso a um homem com quem ela não tinha relação nenhuma, é apagar os aprendizados dela.
Num geral, o filme é incrível, lindo, engraçado, emocionante e te prende com as relações entre os personagens. Pode parecer clichê, mas traz totalmente a mensagem de que não importa o que aconteça de ruim, nada dura para sempre, os tempos complicados passam e a vida segue. Te incentiva a tomar o controle e continuar em frente ao lado de quem ama. O conselho para quem for assistir é: se prepare para uma montanha russa de emoções e leve lencinhos!
Bridget Jones: Louca pelo Garoto foi dirigido por Michael Morris e estreou nos cinemas nesta quinta-feira, dia 13 de fevereiro.