Felipe Dylon: 23 anos depois, ele tenta novamente. Deu certo?

Felipe Dylon: 23 anos depois, ele tenta novamente. Deu certo?
Cantor volta à cena com o EP "Só Alegria", mas continua preso à mesma fórmula de sempre

Se você viveu nos anos 2000, é bem provável que tenha escutado “Musa do Verão” tocando sem parar nas rádios, em comerciais e em qualquer lugar minimamente praiano. Felipe Dylon foi um fenômeno adolescente naquela época, surfando na onda do pop e das baladas ensolaradas, estampando capas de revistas como o queridinho do momento. Só que, assim como as estações mudam, o tempo passou – menos para ele. Agora, com 37 anos, o cantor lançou um novo EP, “Só Alegria”, e a sensação é de que estamos presos em um looping temporal.

Mas depois do hype, o carioca ficou eternamente preso no título de “one-hit wonder”. Com a chegada das novas músicas, vamos relembrar quem é Felipe Dylon, e ver se finalmente ele trouxe algo novo ou continua preso no mesmo verão sem fim dos anos 2000?

Por onde andou Felipe Dylon?

Dylon estourou no início dos anos 2000 como o típico garoto carioca que canta sobre praia, amor e festas. O álbum “Musa do Verão” virou hit absoluto e o transformou em um popstar adolescente. Vieram mais algumas músicas como “Deixa Disso” e “Mais Perto de Mim”, mas a maré começou a baixar. Ele até tentou manter a carreira com o álbum “Em Outra Direção” (2006), mas não conseguiu emplacar hits como antes. Com o tempo, os fãs cresceram e Felipe ficou por aí, tentando voltar, mas sem sucesso.

Nos últimos anos, manteve uma vida discreta, dando aulas de violão e guitarra em uma escola de música no Rio de Janeiro. Também apareceu no reality “Canta Comigo” da Record como jurado, fez campanhas publicitárias e até atuou em uma peça infantil ao lado da mãe. Mas, musicalmente falando, o cantor parecia ter entrado em uma espécie de hibernação. Agora em 2025, ele retorna com um novo EP, reafirmando sua eterna obsessão com o verão.


Hit dos anos 2000, “Musa do Verão” de Felipe Dylon (Reprodução/Youtube/FelipeDylonVEVO)

“Só Alegria” é um EP preso no tempo

O novo EP tem cinco músicas inéditas: “O Verão Aqui no Rio”, “No Seu Olhar”, “Ela é Linda”, “Menina Marina” e “Seu Telefonema”. Como esperado, todas giram em torno dos mesmos temas que Felipe canta há 20 anos: praia, festa, amorzinho, curtição… Não que haja algo errado em ter uma identidade musical, mas o problema é que tudo soa exatamente igual, parece que Dylon vive em um eterno verão, como se o tempo tivesse parado em 2003.

Na entrevista que deu ao jornal Extra, Felipe até tenta se justificar: “Tem tudo a ver com a minha vida e com a minha realidade, né? Porque eu moro no Rio de Janeiro, um lugar bem praiano”. Mas será que em duas décadas não dava para trazer nada de novo? Ele continua cantando como se tivesse 15 anos e só saísse de casa pra pegar onda e tocar violão na beira da praia de Ipanema. Enquanto isso, o mundo já viu artistas se reinventando mil vezes, mas Felipe Dylon insiste no mesmo repertório de sempre.


Com mais uma canção sobre a estação mais quente do ano, “O Verão Aqui no Rio” abre o EP “Só Alegria” (Reprodução/Youtube/Felipe Dylon)

Na icônica entrevista que o músico fez com Rogério Skylab, o entrevistador apontou que os álbuns de Dylon são “contínuos”, querendo dizer que sua sonoridade não evoluiu. E ouvindo “Só Alegria”, fica claro que ele segue exatamente no mesmo lugar, com músicas de fundo de loja de departamento, feitas para tocar sem que ninguém preste muita atenção.

A primeira faixa do álbum, “O Verão Aqui no Rio”, parece um jingle de comercial de baixo orçamento, porém, conseguiu até “arrancar alguns elogios” no YouTube. Mas são provavelmente de amigos próximos ou pessoas completamente alheias à realidade. Mas, para não dizer que tudo é um desastre completo, tem uma exceção: “Menina Marina”, ironicamente a única faixa relativamente boa e viciante do EP, nem foi composta por ele.

Nostalgia exagerada ou estagnação?

Ouvindo o EP, a sensação é que todas as músicas poderiam estar em comerciais de churrascaria de beira de estrada ou em propagandas de condomínio de luxo da zona sul carioca. O pop melódico genérico e a insistência em uma vibe praiana tornam tudo extremamente previsível, enjoativo e sem sal.

No fim das contas, “Só Alegria” é um EP para ser esquecido antes mesmo do próximo verão. Mas, se você tem um carinho nostálgico pelos anos 2000 e quer se sentir em uma novela do Manoel Carlos, talvez o EP funcione como uma trilha sonora inofensiva para um dia de calor.

Poderia ser mais uma música de Felipe Dylon, mas é só um comercial de churrascaria

Entretanto, caso você cultivasse alguma esperança de que Dylon fosse ter alguma evolução artística, esquece. Ele ainda mora no Arpoador e parece que sua música também nunca saiu de lá.


O que você acha: Felipe Dylon deve continuar fazendo mais músicas sobre amor e verão, ou tá na hora de partir pra outra?

Joshua Diniz

Carioca e Caxiense, nascido em 2003, estudante de Comunicação Social- Jornalismo na UNISUAM. Obcecado por tudo que envolva Cultura Geek, games, super-heróis e universos fantásticos. Fã apaixonado de música Folk e Indie, de The Lumineers a Wallows.

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