Onde está Frank Ocean e o que houve com sua carreira?

Christopher Edwin Breaux, mais conhecido como Frank Ocean, se tornou um dos maiores nomes da indústria na década passada. Entretanto, após lançar seu álbum de maior sucesso em 2016, o cantor desde então, não tem qualquer previsão para novos projetos, além de frequentemente se ausentar das redes sociais. Com isso, acaba que muitos se perguntam: por que ele não lança mais músicas?
Gênio em ascensão
Inicialmente, Frank Ocean começou a trabalhar com música como produtor e compositor. Assim, se tornou um membro oficial do grupo coletivo de hip-hop alternativo “Odd Future”, liderado por Tyler, The Creator. O artista também havia fechado um contrato com a gravadora Def Jams, porém, após muitas desavenças criativas, cancelaram o lançamento dos projetos do cantor.
Foi então que Ocean foi contra sua editora e debutou oficialmente aos 24 anos de idade, com sua primeira mixtape “Nostalgia, Ultra” de forma independente, soltando-a gratuitamente no Soundcloud. Logo, seus dois singles “Novacane” e “Swim Good” se tornaram sucessos comerciais, chamando atenção de Kanye West, Jay-Z e Beyoncé. Ele foi considerado um talento único do R&B.

Frank então foi chamado para colaborar com diversos artistas em alguns projetos, e nesse meio tempo, passou a ganhar cada vez mais admiração na indústria. Logo, em 2012, após alguns acordos com a Def Jams, ele finalmente lançou seu primeiro álbum de estúdio, “Channel ORANGE”, com um anúncio pelo Tumblr. Assim como seu trabalho anterior, o sucesso do disco foi gigante, tendo como grandes hits os singles “Pyramids”, “Lost”, “Thinkin Bout You” e “Sweet Life”. O disco também rendeu ao músico um Grammy por Melhor Álbum Contemporâneo Urbano.

Passos ousados
O cantor também se abriu corajosamente sobre sua sexualidade e revelou que se relaciona com pessoas do mesmo gênero. Assim, tornou-se o primeiro artista de R&B assumidamente LGBTQIA+, em um meio conhecido por ser homofóbico. Além disso, em 2013, a revista TIME o elegeu como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Durante os anos seguintes, Frank trabalhou pacientemente em projetos futuros e revelou ter sofrido com bloqueios criativos. Foi então que em 2015, ele começou a instigar um novo projeto que supostamente chamaria “Boys Don’t Cry”. Após muitas especulações e adiamentos, em julho de 2016, o cantor voltou a soltar pequenos spoilers do novo álbum. Finalmente, após quatro anos de seu último disco, em agosto de 2016, Frank Ocean finalizou de forma impecável os acordos contratuais com sua gravadora, lançando o álbum visual ENDLESS e no dia seguinte, o disco Blonde.
Musicalmente, o disco apresenta uma sonoridade mais experimental e abstracta em comparação aos trabalhos anteriores do artista e contém participações de vários artistas incríveis como André 3000, Kanye West, Pharrell Williams e Beyoncé.
Fazendo história
Estilizado como “blond”, o álbum estreou na primeira posição em diversos charts ao redor do mundo e foi recebido com aclamação pela crítica, sendo considerado um dos melhores discos de R&B e o maior ato de Frank Ocean. Do mesmo modo, também alcançou o primeiro lugar na lista da Pitchfork de Melhores Álbuns da Década de 2010. Suas músicas se tornaram um sucesso imediato, mesmo apenas uma delas sendo single oficial (Nikes). “Ivy”, “Pink+White” e “White Ferrarri” também foram grandes destaques do Blonde, além de sua capa icônica.
A revista Forbes estimou que Blonde rendeu à Ocean cerca de US$1 milhão apenas na sua primeira semana de lançamento, atribuindo este feito ao fato de ele ter divulgado o álbum independentemente e com lançamento exclusivo na iTunes Store e Apple Music.
Desde então, se espera novos projetos de Frank Ocean, contudo, até o momento não se tem previsões para qualquer álbum novo. Mas, se engana quem pensou que ele não deu o ar da graça. Nesse meio tempo, o artista se dedicou a alguns singles isolados como “DHL” e “In My Room” de 2019 e “Dear April” e “Cayendo”, de 2020. Além disso, Ocean trabalha com moda e produção.
Momentos delicados
O cantor, entretanto, não está sumido simplesmente por que sim. Frank sempre se mostrou uma pessoa reservada. Em 2019, ele revelou que estava trabalhando em um novo álbum, estava lançando singles e se preparando para uma nova era, entretanto, em 2020, além da pandemia do COVID-19, Ocean perdeu seu irmão mais novo, de apenas 18 anos, tragicamente em um acidente de carro. Estes acontecimentos contribuíram para que ele precisasse alterar seu cronograma e tirar um tempo para si.

Já no ano de 2023, seis anos após sua última performance ao vivo, Frank Ocean confirmou sua presença como headliner do festival Coachella. As expectativas para os dois shows eram altas, além de especulações de músicas novas, mas acabou que a única apresentação dele rapidamente se tornou um fiasco.
O primeiro problema se deu quando cancelaram a transmissão do show pelo Youtube a pedido do artista poucas horas antes. Além disso, relataram um atraso de uma hora para o início da performance. Foi apurado por veículos como “The Festive Owl” que Ocean havia pedido uma mudança de última hora na estrutura de palco. Em contribuição para a demora, a Pitchfork relatou que o cantor também sofreu uma lesão grave no tornozelo durante os ensaios para o festival, e teve que performar sentadinho e de chinelo.

Para piorar, houveram muitas reclamações do público em relação ao uso de playback. O músico teria usado faixas pré-gravadas dos vocais em muitos momentos, e em outros até mesmo se retirou do palco. Os momentos de ausência ficaram a cargo da DJ Crystallmess, que tocou mashups de seu próprio repertório.
Finalmente, ao chegar ao fim da performance, Frank Ocean também anunciou que encerraria o show para respeitar o toque de recolher do festival. Teoricamente, o Coachella só poderia ter shows até 00h, porém todas suas outras apresentações passaram desta marca e finalizaram seus sets de forma normal.
Uma faísca de esperança
Após todos estes problemas, o artista cancelou sua participação no segundo show do festival. Apesar disso, o mesmo fez questão de agradecer pela paciência dos fãs no palco: “Passou tanto tempo, mas eu senti falta de vocês. Eu quero falar sobre o motivo de eu estar aqui, porque não é um álbum novo – não que não haja um álbum novo, mas não há ainda. Nos últimos dois anos, minha vida mudou muito. Meu irmão e eu vinhamos muito a esse festival. Sinto que eu era arrastado para cá metade do tempo. Estávamos apenas dançando naquele palco, eu sei que ele estaria muito empolgado em estar conosco. Queria agradecer por todo o apoio e o amor durante esse tempo,” completou.
Em julho de 2024, um post que Ocean estava começando a produzir novas músicas em Miami com o produtor Michael Uzowuru.

Quase dez anos sem um álbum novo pode parecer muita coisa, porém, é certo dizer que após duas obras primas como “Channel ORANGE” e “Blonde”, a pressão para lançar algo novo tão bom quanto ou melhor, é muito grande. Além disso, Frank Ocean passou por situações difíceis nos últimos anos em que precisou recuar e cuidar de si, ainda mais sendo uma pessoa não tão conectada à mídia.
É importante relembrar que artistas ainda são pessoas com problemas pessoais e questões individuais de sua própria personalidade. O ideal seria respeitar o tempo de produção e criação artística. Pode-se dizer que Frank Ocean é um dos maiores atos da indústria musical nos últimos anos. Fazendo música nova ou não, lançando álbum novo ou não, seu nome sempre será lembrado e já entrou para o legado de músicos excepcionais.