“I Said I Love You First” é fofo, mas não memorável.

“I Said I Love You First” é fofo, mas não memorável.

Na última sexta-feira (21), Selena Gomez lançou seu terceiro álbum na gravadora Interscope, “I Said I Love You First”. Essa marca também a primeira vez, desde o fim do grupo Selena Gomez & The Scene, que a cantora não vem creditada de forma solo. Dessa vez, todas as faixas são colaborativas com seu noivo, Benny Blanco, que produziu o projeto.

As pessoas tendem a lembrar de Benny apenas por sua aparência, mas o americano tem uma lista enorme de sucessos, como “Moves Like Jagger”, na voz de Adam Levine e Christina Aguilera; “Teenage Dream”, de Katy Perry; e até mesmo “Same Old Love”, da própria Gomez. É inegável que ele é um dos músicos mais talentosos de sua geração, mas será que houve uma boa entrega na obra em conjunto com sua amada?

UMA RARIDADE BEM COMUM

Existe uma definição muito usada na internet que é “artista de álbuns” e “artista de singles”, que basicamente divide aqueles cantores que são consumidos por completos daqueles que geralmente são conhecidos apenas pelos grandes hits, dificilmente tendo uma faixa brilhando por si só. “Selena” definitivamente se encaixa na segunda categoria.

Com exceção de “People You Know”, que fez barulho no TikTok, a protagonista de “Only Murders in the Building” teve muito mais destaque com canções como “Wolves” ou “Taki Taki” do que com seus discos. Não é à toa que levou mais de cinco anos para conseguir um álbum aclamado pela crítica.

O “Revival” foi mesmo um renascimento para ela, que, pela primeira vez em sua trajetória, estava sendo levada a sério no mundo fonográfico. No entanto, apesar de conseguir a primeira colocação anos depois com “Lose You to Love Me”, carro-chefe do “Rare”, o CD não chegou perto de receber o mesmo carinho de seu antecessor.

Um caso emblemático foi a análise da revista Pitchfork dizendo que, para um álbum chamado “raro”, as músicas eram bem genéricas. Infelizmente, eles não estavam tão equivocados assim.

Cinco anos depois, nossa moreninha vem com “I Said I Love You First” que, pelo nome e contexto atual da vida da popstar, faria você pensar que é sobre sua história de amor com Benny Blanco, porém, logo de cara percebemos que não é exatamente o caso.

Capa oficial de “I Said I Love You First”.

VALE O SEU PLAY?

Começamos com uma intro que leva o nome do álbum. Trata-se de um áudio da Selena nos bastidores da gravação do último episódio de “Os Feiticeiros de Waverly Place”.

Sabemos que foi justamente essa série que mostrou ao mundo todo o talento dela como atriz. Mesmo com indicações ao Globo de Ouro e ao Emmy, ainda é de Alex Russo que a maioria das pessoas lembra. Fica evidente em “ISILYF” que o seriado continua sendo importantíssimo para a cantora até hoje.

Logo depois, há “Younger and Hotter Than Me”, uma música emocionante sobre a sensação de envelhecer e se sentir substituída. Apesar de falar sobre um relacionamento, diz muito sobre o mundo dos famosos. Isso é apresentado no clipe, onde Selena aparece em um set de filmagens que simula a casa de “Feiticeiros”.

O single contrasta bastante com a Selena do passado, que já foi mais positiva em “Who Says”. Agora, ela encarna uma melancolia que lembra mais a Billie Eilish.

Na verdade, o disco inteiro poderia ser escrito e lançado por Billie Eilish e Olivia Rodrigo, caso estivessem na casa dos 30 anos. Acredito que as músicas funcionam bastante para as fãs das duas artistas.

“Call Me When You Break Up”, com Gracie Abrams, também é um refresco para os ouvidos. É divertida e despretensiosa, contando a velha história de uma amiga que começa a namorar e acaba se afastando. Quem explicou foi a própria intérprete, uma vez que muitos estavam assumindo que era sobre Justin Bieber e Hailey.

Essa não é a única faixa que está recebendo o selo “É sobre o Justin!”, mas, sinceramente? Acho que essa discussão, em 2025, chega a ser entediante.

Prosseguindo, “Ojos Tristes” é uma baladinha com refrão em espanhol que transmite uma leve sensualidade e uma vontade de dançar lentamente. É bem interessante e não fica perdida no álbum, que tem outra música hispânica.

“I Can’t Get Enough” nunca foi uma das minhas favoritas na discografia de Gomez, mas não é terrível. No entanto, colocá-la aqui, sendo que foi lançada antes mesmo do “Rare”, soa desconexo. A impressão que dá é que está ali apenas para agregar streams.

“Sunset Blvd” é ótima e traz de volta uma Selena Gomez ousada que havia ficado no passado. É, provavelmente, o ponto alto de “I Said I Love You First”.

Selena no clipe de “Sunset Blvd”.



Agora, vamos falar sobre o que há de negativo. O álbum é bom, mas dificilmente suas músicas serão lembradas daqui a poucos meses, principalmente faixas como “Don’t Wanna Cry” ou “Bluest Flame”, que parece um descarte do “Brat”, repetindo as mesmas cinco frases.

Uma dessas se chama, em tradução livre, “Como é o Sentimento de Ser Esquecida”. Bom, me diga você, já que não dá para lembrar dela minutos depois de ouvir.

O interlude “Do You Wanna Be Perfect”, onde a estrela critica os padrões irreais de beleza da sociedade, tem uma mensagem legal, mas é totalmente jogado no meio do álbum. Não encaixa com a música anterior nem com a seguinte e poderia ser simplesmente um story no Instagram.

O renomado The Guardian detonou o “SG3”, dizendo que é mais interessante assisti-los comendo asas de frango do que escutar o álbum. Acho exagerado, mas considero compreensível quem tem essa opinião.

Para mim, é uma artista que evoluiu desde o “Rare” e que se esforçou para entregar algo que sentisse ser bom e coeso. Todavia, como a própria já disse, para ela isso é só um hobby.

“I Said I Love You First” exemplifica bem isso. Com ele, Benny e Selena não quiseram fazer a próxima bíblia do pop, apenas lançar algumas músicas — e, quem gostar, gostou.

E vocês? Estão do lado dos que gostaram ou dos que detestaram? Deixem nos comentários!

Lucas Martins

Nascido em 2002 na cidade do Rio de Janeiro, cresci com paixão pela literatura e pela música. Sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unicarioca e futuro pedagogo pela UERJ. No meu tempo livre, gosto de assistir a filmes e acompanhar cada passo dado por Taylor Swift.

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