“Malhação”: 5 anos depois, a novela teen ainda faz falta na Globo?

Desde que saiu do ar em 2020, “Malhação” deixou um vácuo na programação da Globo que ainda não foi preenchido. A novelinha teen que marcou gerações no Brasil, revelou nomes gigantes da televisão nacional e servia como um ponto de partida para jovens talentos. Mas, com o fim dela, parece ter ido embora também o último espaço pensado para o público jovem na grade da emissora.
O fim de uma era teen
Malhação ficou no ar por 27 temporadas e foi um verdadeiro celeiro de talentos para a televisão brasileira. Grandes nomes como Cauã Reymond, Marjorie Estiano, Sophie Charlotte, Agatha Moreira, Klebber Toledo, Fernanda Vasconcellos, Débora Falabella, entre tantos outros, surgiram na novela adolescente antes de brilhar em produções maiores. Ela servia como um “campo de testes seguro” para a emissora e para os novatos, sempre abordando temas atuais e relevantes, espelhando as transformações que o Brasil sofria ao longo dos anos.
A novela estreou em 1995, e sua trama se desenrolava em uma academia, focando no romance e na relação dos adolescentes. Ao longo de seus 25 anos, foi mudando de cenário, de formato, de geração, mas sempre mantendo o foco em temas importantes para os jovens. Questões como bullying, sexualidade, racismo, gravidez na adolescência, drogas e redes sociais foram debatidas em diferentes fases da novela, de uma forma leve e direta que conversava com o público jovem.
Afinal, por que Malhação chegou ao fim?
O fim de Malhação não foi exatamente uma surpresa para quem acompanhava os bastidores da Globo. Nos últimos anos, a novela enfrentava uma queda de audiência, mudanças frequentes de horário e dificuldades para conversar com o público jovem, que passou a consumir mais conteúdo por meio de streaming e plataformas digitais. As temporadas “Toda Forma de Amar” e “Vidas Brasileiras”, exibidas em 2018 e 2019, tiveram um desempenho considerado abaixo do esperado.
A pandemia em 2020 foi o estopim para o encerramento da novela. Naquele ano, a emissora optou por cancelar a temporada: “Malhação: Transformação”, antes mesmo da estreia, com o roteiro já pronto e o elenco escalado. Outra versão que foi engavetada, envolvia um elenco 70% formado por pessoas negras, em uma trama roteirizada por Eduardo e Marcos Carvalho, dois irmãos gêmeos da Zona Norte do Rio. No fim, o custo-benefício e a audiência decretaram o fim da novela teen, que não conseguia manter o público jovem para o restante da programação.

O que sobra para o público jovem na emissora?
O fim da novela retirou da TV aberta um espaço importante de experimentação na emissora, onde a Globo testava e lapidava os novos talentos. Atrizes como Bella Campos, que hoje brilha como protagonista do remake de Vale Tudo e já se destacou em Pantanal e Vai na Fé, teriam muito a ganhar com uma bagagem prévia numa “Malhação da vida”. O mesmo vale para seu colega de elenco, Pedro Waddington, que interpreta o Thiago na novela. Os dois vêm enfrentando críticas sobre suas atuações no remake, algo que poderia ter sido suavizado se tivessem tido essa fase de laboratório, com tempo pra amadurecer, errar, aprender e pegar repertório ao lado de gente mais experiente.
Com quase cinco anos fora do ar, a ausência de Malhação também escancarou um problema ainda maior: a falta de conteúdo pensado pra juventude na TV aberta. A Globo, que já teve TV Globinho, Xuxa e a própria Malhação como porta de entrada para formar o público jovem, hoje não tem mais nada nesse estilo. Aos poucos, tudo foi sendo trocado por reprises, jornais e programas de auditório, e o espaço dedicado as crianças e adolescentes simplesmente sumiu da grade, assim como ocorreu em outras emissoras.
Malhação faz falta mesmo?
A Globo também parece ter desistido de disputar a audiência pelo público jovem. A tentativa mais próxima de reconquistar essa faixa etária, veio na forma dos meios multiplataforma e do Globoplay, com os conteúdos voltados para crianças e adolescentes indo direto para o streaming. Um exemplo é As Five, série derivada de Malhação: Viva a Diferença, que aborda temas mais sérios e maduros. Apesar do sucesso por lá, não tem o mesmo alcance nem o impacto que a TV aberta costumava ter.

No auge, Malhação entregou temporadas memoráveis que marcaram gerações, como a da Vagabanda nos anos 2000, a icônica Sonhos em 2014 e Viva a Diferença em 2017. Hoje, o horário que antes era da novelinha teen é feito de reprises, novelas de época, ou com um teor cômico e urbano. Quem sente saudade pode matar a vontade com as reprises no canal Viva ou Globoplay. Fica a dúvida: será que a Globo ainda pretende investir de novo nesse público na TV aberta ou criar algo tão marcante quanto Malhação para as próximas gerações?
E você, sente saudades de Malhação? Qual foi sua temporada favorita? Conta pra gente nos comentários!