“CLOSE”: Quando recomeçar é acima de tudo, olhar para si

“CLOSE”: Quando recomeçar é acima de tudo, olhar para si
"Close" (2022)

Quando decidi dar play, foi unica e exclusivamente por ter lido em algum lugar que “Close” não era um filme sobre de romance adolescente. Então, como um belo amante de drama, achei que estaria preparado para o que estava por vir. Nem preciso dizer que nunca estive tão enganado.

Produzido pela A24, com a direção de Lukas Dhont, Close conta a história de dois adolescentes de treze anos, Leo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav de Waele). Numa linda e inseparável amizade. O filme começa com a cumplicidade dos garotos em seus dias de férias, aproveitando todos os momentos juntos, desde correr nos campos numa tarde ensolarada, até dormir juntos para aproveitar ao máximo a companhia um do outro.

Em meio a planos fechados, Dhot nos faz se entregar a um amor tão puro que é quase inaceitável vê-lo sendo rompido pelo machismo e a homofobia impregnada na sociedade. Quando as férias terminam, os meninos voltam às aulas e somos arrebatados à um plano diferente que nos trás uma nova perspectiva. A integração de “novos” personagens, como colegas de turma que submetem a amizade dos meninos a julgamentos e questionamentos que nem deveriam existir.

"CLOSE": Uma historia sobre as diferentes formas de lidar com os sentimentos
Rémi e Leo, Filme Close (2022)

Premiado pelo Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, “Close” te convida a se emocionar com o drama de um amor inocente e sincero. Assim como aceitar a dor de seu fim, quase que contra nossa própria vontade. O longa arranca seu coração, expreme forte como se não fosse nada, e depois coloca no lugar esperando que você fique bem com isso.

O fato da homofobia e do machismo não estarem escancarados no filme com personagens rígidos ou coisas do típo não deixa nada mais fácil. A percepção de tomadas de atitudes passivas de Leo faz com que Rémi não entenda o porquê as coisas terem que mudar, e isso dói.

Close (2022) trás uma história sobre as diferentes formas de lidar com os sentimentos, lembrando quando recomeçar é olhar para si. Alfinetando, sobretudo, o expectador a não apenas a se conectar com criança interior que todos nós temos, como também a importância de encarar o que estamos sentindo para conseguirmos seguir a vida. Pode ser que eu esteja enganado, mas essa história dá uma aula de como você deve ou não encarar tragédias. Então somos apresentados a diversos tipos de pessoas; às que choram, às que não choram, às que querem conversar e, às que preferem o silêncio. Também vemos a necessidade de buscar compreender as circunstâncias desses sentimentos, sejam eles a feliciade ou tristeza; raiva ou frustração; amizade ou paixão.

Se você for assistir a essa obra de arte, esteja preparado para lidar com as consequências e, entender a importância da família nos momentos difíceis. E acima de tudo, abra os olhos para entender que o encontro do medo com a culpa pode ser destruidor. Contudo, o respeito; o perdão e a vontade de recomeçar podem curar, mesmo que deixem cicatrizes.

Assista ao trailer:

“Close” (2022), trailer

Leia outras críticas aqui!

Wesley Souza

Carioca, nascido em 1997, escritor, graduado em Publicidade e Propaganda pela UniCarioca (2022); Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM/UFF e autor do livro "Marcado Para Zautar". Apaixonado pela literatura, sempre gostei de escrever e expor minhas opiniões.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.