“CLOSE”: Quando recomeçar é acima de tudo, olhar para si
Quando decidi dar play, foi unica e exclusivamente por ter lido em algum lugar que “Close” não era um filme sobre de romance adolescente. Então, como um belo amante de drama, achei que estaria preparado para o que estava por vir. Nem preciso dizer que nunca estive tão enganado.
Produzido pela A24, com a direção de Lukas Dhont, Close conta a história de dois adolescentes de treze anos, Leo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav de Waele). Numa linda e inseparável amizade. O filme começa com a cumplicidade dos garotos em seus dias de férias, aproveitando todos os momentos juntos, desde correr nos campos numa tarde ensolarada, até dormir juntos para aproveitar ao máximo a companhia um do outro.
Em meio a planos fechados, Dhot nos faz se entregar a um amor tão puro que é quase inaceitável vê-lo sendo rompido pelo machismo e a homofobia impregnada na sociedade. Quando as férias terminam, os meninos voltam às aulas e somos arrebatados à um plano diferente que nos trás uma nova perspectiva. A integração de “novos” personagens, como colegas de turma que submetem a amizade dos meninos a julgamentos e questionamentos que nem deveriam existir.
Premiado pelo Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, “Close” te convida a se emocionar com o drama de um amor inocente e sincero. Assim como aceitar a dor de seu fim, quase que contra nossa própria vontade. O longa arranca seu coração, expreme forte como se não fosse nada, e depois coloca no lugar esperando que você fique bem com isso.
O fato da homofobia e do machismo não estarem escancarados no filme com personagens rígidos ou coisas do típo não deixa nada mais fácil. A percepção de tomadas de atitudes passivas de Leo faz com que Rémi não entenda o porquê as coisas terem que mudar, e isso dói.
Close (2022) trás uma história sobre as diferentes formas de lidar com os sentimentos, lembrando quando recomeçar é olhar para si. Alfinetando, sobretudo, o expectador a não apenas a se conectar com criança interior que todos nós temos, como também a importância de encarar o que estamos sentindo para conseguirmos seguir a vida. Pode ser que eu esteja enganado, mas essa história dá uma aula de como você deve ou não encarar tragédias. Então somos apresentados a diversos tipos de pessoas; às que choram, às que não choram, às que querem conversar e, às que preferem o silêncio. Também vemos a necessidade de buscar compreender as circunstâncias desses sentimentos, sejam eles a feliciade ou tristeza; raiva ou frustração; amizade ou paixão.
Se você for assistir a essa obra de arte, esteja preparado para lidar com as consequências e, entender a importância da família nos momentos difíceis. E acima de tudo, abra os olhos para entender que o encontro do medo com a culpa pode ser destruidor. Contudo, o respeito; o perdão e a vontade de recomeçar podem curar, mesmo que deixem cicatrizes.
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